Carlos Macedo e Cunha, colunista convidado do “Observador”, é o autor do plano de desconfinamento que foi posto a circular nas redes sociais. O consultor reconheceu ao Expresso a autoria do ficheiro original e esclareceu que este foi “partilhado num grupo fechado de amigos”, tendo sido adulterado por terceiros, que se apropriaram “indevidamente” do ficheiro e colocaram o logotipo do Governo.
O ficheiro original “serviu de base para desenvolvermos uma proposta de plano para apresentar ao Governo”, acrescenta. “Foi partilhado num grupo fechado de amigos pouco passava da meia-noite para lhes pedir exatamente opiniões e sugestões de desenvolvimento. A nossa ideia foi preparar uma proposta com base no que está a acontecer noutros países e tendo em conta o que tem acontecido aqui em Portugal, para enviar ao Governo e a todos os partidos com assento parlamentar e também ao Presidente da República”, acrescenta ainda. A opção pelo desenho em formato de tabela é justificada por ser “mais simples de partilhar com todas estas entidades que muito respeitamos”.
O consultor diz que o documento amplamente partilhado é “falso na medida em que não é oficial e apenas transmite uma base de uma ideia de proposta que ainda estamos a desenvolver”. Macedo e Cunha apresenta, “desde já”, as suas “desculpas”, alegando ter começado o trabalho “de forma inocente, ainda na base dos documentos de que facilmente se faz download da página do Governo”.
“NÃO ERA SUPOSTO TER SIDO DIVULGADO”
“Não era suposto ter sido divulgado e terá sido certamente por lapso e de forma não intencional”, sugere. “A minha atividade profissional não me permite ter muito tempo para contribuir para a cidadania mas, quando posso, faço isto como bom cidadão e vontade de ajudar”, explica, fazendo um apelo ao combate às informações falsas: “Vamos lá levar o país para a frente e colocar a economia crescer. Não percamos mais tempo com ‘fake news’”.
Ao início da tarde, o Governo revelou que o documento é falso e que será alvo de participação ao Ministério Público. “Encontra-se a circular um documento falso que apresenta um suposto plano de desconfinamento, imputado ao Governo, o qual consiste numa adulteração abusiva da tabela de desconfinamento divulgada em abril do ano passado”, pode ler-se numa nota do gabinete do primeiro-ministro.
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O ‘plano’, acrescenta-se, não se baseia sequer “em qualquer trabalho preparatório”, pelo que às informações constantes do mesmo “não deve ser atribuída qualquer credibilidade”. Pela “desinformação e falsas expectativas” que pode gerar, com “risco para a saúde pública”, a “falsificação será objeto de comunicação ao Ministério Público”.
Abrindo as propriedades do documento que foi posto a circular, pode ver-se que este é originário de um ficheiro Excel cuja autoria é de Carlos Macedo e Cunha e que foi criado poucos minutos depois da meia-noite desta quinta-feira.
O consultor iniciou a sua colaboração com o jornal online a 11 maio de 2020, tendo desde então escrito um total de cinco colunas de opinião, todas relacionadas com a pandemia e a estratégia do Governo. “A estratégia falhou, não havia plano”, “A estratégia do Governo continua errada” foram dois dos títulos que assinou.
Em artigos do “Público” em 2013 Carlos Macedo e Cunha assinava como militante do PSD.
Notícia exclusiva do nosso parceiro Expresso