Doçaria típica algarvia, artesanato, alfaias agrícolas, atoalhados, loiças, calçado e muitos outros produtos… Pode encontrá-los fazendo uma verdadeira viagem de regresso à Idade Média, pois a vila de Castro Marim já tem, no segundo sábado de cada mês, um Mercado Mensal Medieval.
O encontro realizou-se pela primeira vez no passado sábado e contou com a visita de centenas de pessoas.
Carlos do Carmo, criador e organizador do Mercado Mensal Medieval, disse ao POSTAL que “existiu uma grande afluência nesta primeira edição do mercado. Tivemos oito artesãos, mercadores e vendedores.
Ao todo, tivemos oito participantes, que trabalham a madeira, o linho, a tecelagem, o mel, hidromel, queijos e velharias e fazem-no ao vivo, enquanto efetivam as vendas”.
O organizador afirma que tem recebido muitos pedidos de pessoas que querem participar no mercado. “Já temos cerca de 10 pessoas em lista de espera. Temos tido muita procura quer da parte de quem expõe, quer de quem nos visita. Para primeira vez foi muito bom”, explica.
O Mercado Mensal Medieval vai permitir que os visitantes “desfrutem num ambiente medieval de um conjunto de artes, ofícios, mercadores e outros que nos recordam outros tempos”.
Mercado Medieval insere-se no projeto da Taberna Medieval Velho Cavalinho
Carlos do Carmo contou ao POSTAL que “o Mercado Mensal Medieval é apenas uma das componentes de um projeto maior designado Taberna Medieval Velho Cavalinho, que já funcionava nos Dias Medievais, mas passou recentemente a trabalhar com um caráter regular”.
Na Taberna Medieval, os visitantes podem igualmente recuar no tempo e inclusivamente trajar-se a rigor todos os dias das 10 às 18 horas (exceto domingos).
“A Taberna Medieval surgiu em 2014 mais associada aos Dias Medievais porque é o grande evento que há na terra e já desde essa altura foi nítido que existia um mercado muito grande recetivo a este tipo de estruturas, que permanecessem abertas o ano inteiro”, afirma o organizador.
Carlos do Carmo é peremptório:“Castro Marim tem um património histórico muito grande, com muitos monumentos e é claro com uma mística especial que sempre me fascinou”.
“Eu estive sempre muito ligado ao associativismo porque fui presidente de uma coletividade durante 20 anos, que participou desde o início nos dias medievais, vendendo milhares de litros de sopa e com um know how relativamente grande”, explica.
A Taberna Medieval foi construída do zero: “abrimos há um ano e a adesão tem sido muito boa. As pessoas gostam muito e esse é o principal objetivo, que as pessoas nos visitem”.
A Taberna Medieval oferece vários tipos de serviço
Carlos do Carmo diz que “existem várias ofertas que compõe o todo: a Taberna Medieval não é um restaurante, não é um museu e não é um posto de turismo. É, no fundo, uma amálgama, uma junção de tudo, um verdadeiro espaço de experiências”.
A Taberna Medieval fica situada junto ao Castelo de Castro Marim:“cerca de 70 ou 80% das pessoas que vêm ao Castelo passam por aqui e numa vila como Castro Marim este tipo de espaços faz todo o sentido e facilmente entram”.
“Eu digo-lhes, em traços gerais, os aspetos históricos, como é que surgiu o castelo, desde quando é que existe ocupação humana em Castro Marim, a importância do sal e da flor de sal, porque é que existe um castelo, uma fortaleza e o Revelim de Santo António”, refere.
Há várias atividades associadas à taberna, desde visitas guiadas, visitas temáticas, banquetes, e até uma revisitação das lendas.
Quanto aos banquetes existem várias hipóteses, no entanto, segundo o
organizador, a experiência que é mais vendida é constituída por grupos entre 20 e 40 pessoas, sob reserva, que pode ser ao almoço ou ao jantar.
“O programa consiste na chegada do grupo, na atribuição de uma bebida de boas vindas à luz das velas e das tochas. Depois, há o colocar das capas e uma visita turística com a explicação dos pormenores mais históricos da vila. Em seguida, o grupo regressa e já é recebido por um grupo de música medieval ao vivo. Há o processo de mudar de roupa para os trajes medievais. Entretanto, há um banquete composto por vários pratos e o programa culmina depois num baile”.
Clientes podem reviver um verdadeiro ambiente medieval trajados a rigor
Neste estabelecimento as pessoas podem desfrutar ainda, todos os dias, de um ambiente totalmente medieval, onde poderão vestir um traje, tirar fotografias, tomar uma bebida e uma tapa, ouvir belas melodias medievais e até adquirir alguns produtos.
“Quando não existem grupos grandes, optamos por servir produtos locais de grande qualidade, como, por exemplo, a muxama, os queijos de cabra da nossa zona, a flor de sal, os boqueiros ou as enxovas”, esclarece Carlos do Carmo.
O organizador explica que “também organizam ‘passeios à volta com as lendas‘, onde há uma visita pelos sítios históricos da vila e são explicadas as várias lendas”.
Existe ainda outra atividade denominada “passeando com a nobreza”, que consiste num passeio com as várias personagens históricas ligadas à vila.
Castro Marim passa assim a ter uma dinâmica medieval durante todo o ano e que vai permitir levar os visitantes a fazer uma viagem no tempo, conhecendo e valorizando os produtos locais.
(Stefanie Palma / Henrique Dias Freire)