Os resultados do trabalho de inspeção levado a cabo em várias obras de arte do concelho de Loulé, nomeadamente nas pontes existentes neste território, apontam para que todas estas estruturas sejam seguras.
O relatório final foi apresentado esta terça-feira, no âmbito de um dia dedicado ao sistema municipal de proteção civil, durante uma sessão que contou com a presença da secretária de Estado da Administração Interna, Patrícia Gaspar.
“Não se verificou nenhum caso em que a inspeção tenha detetado situações que careçam de urgência declarada, por se correr o risco de colapso da obra de arte”, afirmou o autor deste relatório. Coube a Carlos Martins, engenheiro civil especialista em estruturas e docente nesta área na Universidade do Algarve, elaborar um trabalho minucioso e exaustivo, naquela que foi uma iniciativa preventiva lançada pela Câmara Municipal de Loulé. Uma ação inovadora a nível municipal, como considerou o responsável por estas inspeções, já que o que se tem verificado noutros casos são “respostas face a situações de alarme ou a indícios que podem gerar preocupação”, como explicou este técnico.
E porque quer impedir que Loulé seja palco de acontecimentos dramáticos como o da Ponte de Entre-os-Rios ou mais recentemente o de Borba, a ideia da Autarquia foi mesmo “conhecer para poder intervir”, o mote desta iniciativa que arrancou em 2017 e que pretendeu efetuar um cadastro atualizado, proceder ao levantamento das anomalias visíveis existentes, classificando a urgência da intervenção corretiva associada e permitindo, assim, a gestão das intervenções.
“A grande preocupação é agir a montante, não sermos repentinamente confrontados com acidentes que têm consequências trágicas, que estão muito presentes na memória de todos e que aconteceram em pontes e viadutos, em muitas cidades do mundo. Estas situações são sempre muito traumáticas pela perda trágica de vidas, e acabam por resultar igualmente na perda de notoriedade e no enfraquecimento de prestígio dos territórios, situações que queremos evitar em Loulé”, justificou o autarca Vítor Aleixo.
Segundo a autarquia louletana, “pontes, pontões, viadutos, passagens pedonais, passagens hidráulicas e passagens agrícolas, do litoral ao interior, nas 9 freguesias do concelho, foram alvo de uma campanha de inspeção associada ao cadastro e inventário, com base na análise efetuada e no registo de aspetos como a georreferenciação, localização na rede viária, data de construção, tipologia estrutural, existência ou não de projeto, largura e número de faixas de rodagem, número de vãos e respetivas extensões, nível de risco básico (discreto, a médio prazo ou urgente), definição do estado de conservação que permitirá definir o nível da prioridade de intervenção e intervenções a realizar”.
Estruturas como o pontão sobre a Ribeira de S. Lourenço, em Almancil, ou a Ponte do Barão, sobre a Ribeira de Quarteira, em Boliqueime, considerada a maior do vasto território concelhio, irão agora integrar uma base de dados disponibilizada na plataforma de Sistema de Informação Geográfica (SIG) da Câmara Municipal de Loulé, o que constituirá um “elemento-chave na gestão das obras de arte”.
Mas se as notícias são boas no que respeita aos resultados, a verdade é que há um importante trabalho a fazer em relação, por exemplo, a ações de limpeza destes espaços, retificação dos pavimentos ou à conservação e reparação de guarda-corpos. Como tal, neste dia, o autarca de Loulé anunciou que o executivo municipal irá “designar uma rubrica dotada com verba suficiente para intervir naquelas situações que foram identificadas neste relatório como carentes de intervenção urgente ou apenas de manutenção”.
As duas situações mais prementes identificadas dizem respeito ao arco sob a Rua Duarte Pacheco, na cidade de Loulé, onde a passagem de água provocou a erosão das pedras do miolo do mesmo, recomendando-se aqui uma intervenção corretiva já adjudicada pela Autarquia; e noutro caso, não sendo competência direta do Município, a situação identificada no viaduto do nó de S. João da Venda, sobre a EN125-4 (IC4), em que uma das vigas se encontra em fase adiantada de degradação.
“Somos um concelho que tem na economia do turismo uma das suas molas propulsoras e, como tal, tem que cuidar com sentido de responsabilidade de todas as questões que dizem respeito à segurança dos automobilistas, das pessoas que passeiam na via pública, que atravessam a estrada em vias aéreas. São situações que têm a ver com a segurança da nossa comunidade”, disse Vítor Aleixo. Apesar de satisfeito com os resultados, diz que não irá baixar os braços: “Naturalmente que ficamos serenos o que não quer dizer que iremos abrandar. São matérias sensíveis que precisam sempre de um acompanhamento de grande proximidade das autoridades”, disse ainda.
Já a secretária de Estado da Administração Interna enalteceu esta iniciativa do Município de Loulé e sublinhou o aspeto preventivo a ela associado. “Cada euro que é gasto nesta fase do processo são 7 ou 8 euros que poupamos na fase do combate. Portanto o combate é, e deve ser cada vez mais, o último reduto e entra quando tudo o resto falhou. Quanto mais trabalharmos a montante, menos expressiva esta componente do combate será e mais vidas vamos conseguir salvar”, observou. E concluiu dizendo: “Espero que este se transforme num exemplo de boas-práticas que possa ser aproveitado à escala de outros municípios!”.