Estamos a duplicar o número de casos de covid-19 a cada 15 dias. Encontramo-nos com 203 casos por 100 mil habitantes, com uma tendência crescente em todas as regiões do país. No entanto, o cenário é menos grave do que há um ano. E isso deve-se à vacinação.
Com elevada adesão em Portugal, a vacinação evitou 2300 mortes e 200 mil infeções desde maio, concluiu Henrique Barros, epidemiologista e investigador do ISPUP (Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto). Além disso, também permitiu evitar 55 mil dias de internamento em unidades de cuidados intensivos e 135 mil dias de internamento em enfermarias, “libertando esses serviços” para outros doentes.
É também ela que nos permite daqui para a frente, no cenário possível de perda de imunidade ao fim de um ano, evitar um pico de pressão no SNS em finais de janeiro e princípios de fevereiro, perto do nível de alerta, que é o de 255 camas ocupadas nas unidades de cuidados intensivos.
Para o evitar, notou Baltazar Nunes, “precisamos de vacinar praticamente toda a população elegível para vacinação (nos maiores de 65 anos) antes do período de maior transmissibilidade, que é finais de dezembro”, por alturas do Natal, que tradicionalmente são motivo para mais encontros sociais e familiares.
A este propósito, 632 mil pessoas já levaram dose de reforço da vacina, afirmou coronel Carlos Penha Gonçalves, à frente do núcleo de coordenação do plano de vacinação. “Se a adesão subir para 100%, teremos de vacinar um milhão de pessoas, cerca de 35 mil por dia“, explicou também.
Henrique Barros defende também vacinar as crianças, já que o grupo com maior taxa de infeção é o grupo dos 0 aos 9 anos.
PARA ALÉM DE VACINAR, VENTILAR, DISTANCIAR, (AUTO-)TESTAR
Quanto a medidas não farmacológicas, Raquel Duarte, especialista da ARS Norte, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, alertou para a urgência de reforçar de imediato algumas medidas preventivas:
► O teletrabalho deve ser preferência sempre que possível;
► Para acesso a locais interiores sem máscara, deve apresentar-se um teste feito nas últimas 24 horas;
► Desaconselham-se reuniões sociais com mais de 50 pessoas;
► Deve fazer-se uma “aposta séria” na ventilação de locais interiores;
► É preciso testar quem entra em Portugal até 48 horas de permanência no país;
► Deve manter-se a máscara obrigatória em locais fechados e em transportes públicos.
Para colmatar a diminuição da eficácia da vacina e a diminuição da perceção de risco entre a população, é preciso agir. E “o tempo de agir é agora”, afirma.
– Notícia do Expresso, jornal parceiro do POSTAL