O Hospital de Faro utiliza terapias de Reiki como forma de complemento aos tratamentos de quimioterapia e radioterapia efetuados em doentes oncológicos.
A ideia partiu de Magda Fernandes, Rosa Boal e Andreina, três enfermeiras que trabalhavam no Hospital de Faro. “O projeto foi aprovado em maio de 2015”, sendo que “a primeira sessão foi feita a 5 de junho do mesmo ano”, conta Magda Fernandes.
“No nosso projeto estabelecemos critérios de admissão, uma vez que éramos só duas pessoas a fazer as sessões, pois a Andreina só trata da parte mais formal do projeto”, explica.
A responsável afirma que “a terapia é aplicada em pessoas que estejam a fazer quimioterapia no Hospital de Faro e cujos efeitos secundários, como as náuseas, vómitos e insónias, sejam de difícil controlo”.
“Nós fizemos um poster e colocámos na sala de enfermagem, numa zona onde as pessoas passam, o que despertou a curiosidade de alguns que queriam saber como se podiam inscrever. Noutros casos, éramos nós que fazíamos a proposta e explicávamos o que era o Reiki, sendo que a generalidade das pessoas aceitava”, explica.
Serviço funciona de forma gratuita
Magda Fernandes realça o facto de “o serviço ser completamente gratuito”.
“Nós fazemos as sessões durante o nosso horário de trabalho. À sexta-feira, eu ou a Rosa trabalhamos até às 18 horas no hospital, no entanto, das 14 às 18 horas só nos dedicamos ao Reiki”, acrescenta.
Projeto funciona há 5 anos
O projeto do Reiki no Hospital de Faro está em funcionamento há cinco anos e já ajudou a tratar cerca de 50 utentes. A enfermeira explica que “no total já foram feitas cerca de 280 sessões” e “as melhorias no estado de saúde geral são bastante significativas”.
“A primeira mudança que as pessoas experienciam é a sensação de paz e calma. O cancro é uma doença que provoca muita ansiedade e existem muitas alterações na dinâmica e na vida das pessoas”, esclarece.
Alguns efeitos secundários da quimioterapia desaparecem com o Reiki
A terapeuta explica que existem inclusivamente alguns efeitos secundários da quimioterapia que desaparecem, como por exemplo as náuseas ou vómitos.
Magda Fernandes recorda o caso de uma paciente que tinha dificuldade em dormir e que conseguiu voltar a ter um sono estável devido ao Reiki. “Existem igualmente outras situações de pessoas que fizeram quimioterapia, radioterapia aliadas ao Reiki e que nunca tiveram de ir às urgências por causa dos efeitos secundários ou que nunca tiveram de adiar um tratamento por estar com o sistema imunitário debilitado”, recorda.
“A filosofia do Reiki também fala um pouco sobre o cancro, que é uma doença que vem da tristeza, da mágoa, das coisas não perdoadas, do rancor e nós ao trabalharmos estas emoções estamos a contribuir para que as pessoas fiquem mais calmas”, afirma.
“Segundo a filosofia oriental, a doença surge por um desequilíbrio da energia interior. Quando há um bloqueio do chacra, surge a doença”, complementa.
A enfermeira salienta o facto do “Reiki ser a energia do amor. Esta terapia é a arte secreta de convidar a felicidade”.
“Aquilo que eu aprendi com o Reiki é que nesta vida eu quero fazer diferente. Eu não quero ser mais um robot que só faz trabalho-casa, casa-trabalho. Eu quero saber que naquele dia, naquele momento, aquela pessoa está um pouco melhor graças àquilo que eu lhe fiz e não há nada que pague isso”.
Coordenador da Associação Portuguesa de Reiki fala sobre a terapia
Fernando Eduardo complementa o testemunho de Magda Fernandes e explica ao POSTAL que “nós estamos a fazer Reiki desde o momento em que nascemos até ao momento em que partimos. A energia está sempre presente”.
“O Reiki é exatamente a pessoa servir de canal, receber essa energia e utilizá-la para ajudar a equilibrar a energia de outra pessoa”, esclarece. Fernando Eduardo conta que no Reiki “nós utilizamos as mãos e juntamo-las ao corpo da pessoa que se está a submeter à terapia, de modo a equilibrar a sua energia”.
“Não é por acaso que quando nos dói a barriga nós metemos a mão. Já estamos a fazer Reiki mesmo sem saber”, complementa.
O terapeuta explica que “o Reiki ajuda a harmonizar aquilo que está desorganizado, sendo que tudo o que está em excesso no nosso corpo tem de ser eliminado”.
O formador esclarece que “o Reiki complementa várias outras terapêuticas e também a medicina”.
“O nosso intuito é trabalhar em conjunto com os hospitais, centros de saúde e médicos, em prol de um maior bem-estar dos doentes”, afirma .
“Através desta terapia, as pessoas adquirem um bem-estar diferente e deixam de ter alguns sintomas decorrentes dos tratamentos. Os doentes saem de uma sessão completamente tranquilos e é esta tranquilidade que lhes dá a força e capacidade para encarar as fases seguintes”, conclui.
(Stefanie Palma / Henrique Dias Freire)