Em circulação há moedas que valem bem mais do que aquilo que está inscrito na sua face. E se lhe disséssemos que, entre elas, há moedas de 1 euro que podem atingir o valor de 100 euros? Não é ficção: trata-se de uma realidade alimentada pelo interesse de colecionadores e por um curioso erro de impressão.
Estas moedas, que podem parecer comuns, têm despertado o interesse dos numismáticos, e o fenómeno tem uma explicação simples. Em 2008, durante o processo de produção das novas moedas europeias, algo correu mal.
O erro na cunhagem: como surgiu o valor acrescido?
A história remonta a 2005, quando o Conselho Europeu decidiu que as faces das moedas de 1 e 2 euros, bem como as de 10, 20 e 50 cêntimos, deveriam ser atualizadas para incluir o mapa da União Europeia com os Estados-Membros que aderiram ao bloco em 2004. Países como Chipre, Eslovénia, Estónia e Polónia passaram, assim, a figurar no desenho das moedas.
Estas novas versões entraram em circulação em 2008, mas, no processo, cerca de 107.000 moedas de 1 euro foram cunhadas com a face antiga, em vez da nova, que deveria refletir o mapa atualizado da União Europeia. A Casa da Moeda, ao aperceber-se do erro, iniciou a recolha das moedas incorretas. Contudo, das 5 milhões de moedas produzidas, apenas 8.625 foram efetivamente retiradas de circulação, o que significa que quase 100.000 moedas com a face errada continuam a circular até aos dias de hoje.
Estas moedas são perfeitamente válidas para uso corrente e têm poder liberatório. Isso significa que pode muito bem estar a pagar o café ou o pão com uma moeda que vale 100 euros sem sequer o saber. O valor inflacionado surge do interesse dos colecionadores, que veem nestes erros de impressão uma oportunidade de ouro para adicionar uma peça rara às suas coleções.
Contudo, como explica o Instituto Nacional da Casa da Moeda, “essas moedas que permanecem em circulação têm curso legal” e, se preferir, pode trocá-las no Banco de Portugal por uma moeda com a face atual. Porém, é provável que muitos optem por guardar a moeda, já que o mercado numismático oferece valores muito superiores.
O interesse dos colecionadores e o valor no mercado
Para os colecionadores, possuir uma destas moedas raras é um verdadeiro prémio. Dependendo do estado de conservação, os preços podem variar bastante. “Uma dessas moedas pode chegar a valer 100 euros, mas o valor diminui consideravelmente se a moeda estiver desgastada”, explica um especialista em numismática. A qualidade da moeda é, portanto, um fator decisivo para a sua avaliação, sendo que aquelas que se encontram em melhor estado podem alcançar valores muito superiores.
Para quem deseja vender, o ideal é procurar lojas de antiguidades ou especialistas em moedas. “Há sempre quem pretenda comprar barato”, alerta um avaliador, sublinhando que, nos mercados de colecionismo, nem sempre o vendedor tem a mesma informação que o comprador. Por isso, a recomendação é clara: não tenha pressa. O tempo e a informação são os seus melhores aliados para garantir uma venda justa.
Onde vender e avaliar as suas moedas?
Se suspeita que tem uma dessas moedas de 1 euro valiosa, há várias formas de saber mais. Pode consultar uma lista de avaliadores no site da Imprensa Nacional-Casa da Moeda ou visitar lojas da especialidade. Para quem prefere a comodidade da internet, existem também sites dedicados a leilões e à numismática, onde pode verificar os preços de moedas semelhantes e conhecer melhor o mercado.
Entre os principais portais de referência para este tipo de transações estão o Portugal Moedas e o LusoNumismatix, que oferecem uma vasta gama de informações sobre moedas portuguesas e o seu valor, algumas datando de séculos passados. Outro site de destaque é o Numisrepublica, focado nas moedas da República Portuguesa e ex-colónias, proporcionando detalhes importantes para quem quer vender ou adquirir moedas raras.
Conselhos úteis para quem quer vender
Apressar-se na venda pode ser um erro. “A pressa é inimiga de uma boa venda”, adverte um especialista, que aconselha todos os detentores de moedas raras a fazerem uma pesquisa detalhada antes de se desfazerem do seu “tesouro”. A leitura de catálogos e livros de referência é fundamental, assim como investir em instrumentos como uma lupa e uma balança rigorosa, para examinar as moedas ao detalhe e reunir dados que possam influenciar a sua valorização.
Aconselha-se ainda que os colecionadores participem em exposições, leilões e galerias especializadas, onde podem aprender mais sobre o meio e até encontrar compradores interessados. “Falar com um especialista na área é uma das melhores decisões que pode tomar”, reforça o avaliador, lembrando que um profissional poderá orientá-lo sobre como maximizar o valor da sua moeda.
Num mundo onde até as moedas comuns podem ter um valor oculto, vale a pena olhar para o seu porta-moedas com outros olhos. Quem sabe não tem consigo moedas de 1 euro que, na verdade, vale 100 euros? Se assim for, pode estar a guardar um pequeno tesouro sem sequer se aperceber. Afinal, quando o erro humano se junta à raridade, o resultado é muitas vezes surpreendente – e bastante lucrativo para quem souber reconhecê-lo.
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