Muitos portugueses ficaram sem trabalho devido à pandemia do novo coronavírus. A doença proveniente da SARS-CoV-2 veio alterar os planos de todos, que viram a sua vida dar uma volta mais ou menos grande.
Em tempos de incertezas para todos, a alternativa para ultrapassar esta fase complicada foi unir forças e ajudar quem mais precisa. Foi assim que Flávio Santos e alguns elementos do seu grupo de trabalho começaram a distribuir alimentos pelos mais necessitados. Gestor de projeto numa empresa de audiovisual, Flávio Santos viu o trabalho acabar com o início da pandemia. A incerteza era o mote para um novo começo: “ajudar os outros”. A distribuição de alimentos começou no mês de abril, a título informal. Seria apenas a contribuição deste grupo de amigos para tornar os dias cinzentos de algumas pessoas, em dias mais coloridos.
O tempo que iria durar a iniciativa não ficou estipulado nesta primeira fase, mas o esforço foi muito para conseguir ajudar algumas das pessoas mais carenciadas. Os donativos começaram a chegar e eram cada vez mais as pessoas que contavam com a ajuda dos amigos. O mês de junho trouxe a necessidade de tornar o projeto em “algo mais sério”, como refere o gestor. As redes sociais serviram de veículo para chegar a mais população e também para dar alguma credibilidade à ação. Flávio Santos explica que não foi fácil fazer algumas pessoas acreditar no projeto. E foi assim que nasceu o nome SULidários, que passou a dar um ar mais profissional à iniciativa.
Cinco instituições algarvias são apoiadas O grupo de amigos SULidários falou com cinco instituições algarvias, de modo a entregar-lhes os seus donativos. Fazem parte da lista a União Audiovisual, Associação Cultural e Apoio Social de Olhão (ACASO), Associação Humanitária Solidariedade de Albufeira (AHSA), Fundação António Aleixo e o Centro de Acolhimento Temporário para Crianças em Risco (Catraia). Os donativos feitos pela população são distribuídos de forma justa pelas instituições, de modo a combater algumas das suas necessidades. Flávio Santos conta que não fazia ideia das carências que muitas pessoas têm, principalmente crianças, que necessitam de fraldas, leite, papas e muitos outros bens de higiene. Foi uma nova realidade que conheceu devido à sua iniciativa e que certamente o irá marcar.
Aos 45 anos, o gestor de projeto confessa que toda esta situação mexeu muito consigo, assim como com os seus colegas. A iniciativa SULidários era para acabar as suas funções no dia 20 de junho, mas vão prolongar a atividade até dia 25 de julho, uma vez que “há muita necessidade, mas também muita gente a contribuir”. Ainda assim, o “fim” desta iniciativa pode alterar-se consoante as necessidades. Muitos amigos da SULidários passaram a palavra e esta chegou tão longe que já contribuíram pessoas de Lisboa e do Porto. De Setúbal e Grândola também chegaram donativos que o grupo distribuiu pelas cinco instituições algarvias. Contudo, a ideia é parar por umas semanas e recomeçar apenas no Natal. Questionado com o porquê da decisão, Flávio Santos confessa que o seu trabalho deve voltar em setembro e a falta de disponibilidade não lhe irá permitir continuar. Ainda que exista sempre tempo para tudo, como refere o gestor de projeto, “fazer por fazer não faz sentido”. A decisão passa, portanto, por continuar a trabalhar em modo “não profissional”, ou seja, a SULidários não será oficializada como uma associação de apoio.
A pandemia não vai parar, assim como as carências, mas Flávio Santos faz um balanço muito positivo desta “aventura”. Como cidadão ajudou da forma que podia, juntando um grupo de amigos e alguns contactos, a quem agradece prontamente. Todos podemos ser “sulidários”, contribuindo para esta ou outras iniciativas.
Flávio Santos deixa o apelo e pede a todos que procurem o grupo e façam uma doação de bens alimentares ou de higiene para apoiar as crianças, que também nesta altura passam dificuldades devido ao vírus que a qualquer porta pode bater.
Pode aceder à página de Instagram e Facebook da “SULidários” aqui e conferir o trabalho que têm desenvolvido.