Há pequenos, médios e grandes… mas não, não falo de falos nem de homens; falo de pessoas e essas, não se iludam por favor, jamais se medirão a palmo.
Pequenos, médios e grandes… ou se calhar nem por isso: talvez se possa dizer que apenas há dois tamanhos para o carácter do Homem: grandioso e pequenino.
Há os que se prendem por tudo, tropeçam em cada vírgula, e só conseguem ver pelos seus olhos. Pequenos, tão pequeninos, os que não perdoam e usam o “sempre” e o “nunca” com a soberba de uma certeza que não é possível ter. Melindrados, ansiosos, egocêntricos e mesquinhos; para os seres pequeninos os horizontes terminam na ponta das unhas dos pés e o universo gira gravitando em seu redor; terão alguma noção de quão patéticos são?
Os donos da pequenez são soberbos, sempre donos da razão e tão melhores que os demais; são nascentes de problemas e geradores de conflitos, barricados no deserto evolutivo e na tremenda ignorância de quem crê já saber tudo… A pequenez grassa, infeliz e descontroladamente, ocupada com a vida alheia e viciada na maledicência, fazendo crescer sem parar as hordas de gente que emprenha pelos ouvidos e se deixa controlar por fobias, apatias e tantas patologias só por não pensar por si só.
Mas por sorte existem os outros, os grandes, os grandiosos que, quase sem consciência do seu tamanho interior, ajudam a equilibrar isto tudo. São os que entendem o outro e conseguem perdoar mesmo o que não tem desculpa; são os empáticos, os abundantes, os interiormente ricos, que entendem que o que se dá retorna mas não dão só para poder receber e sim para conseguir crescer. Felizmente existem muitos. Enormes, serenos, emanadores de energias irresistíveis, potenciadores de tanta serenidade e paz que os outros se viciam neles…
Tenho pena, muita pena, daqueles que apenas são grandiosos no tamanho da sua intrínseca pequenez. Tenho pena, sobretudo, porque continuo a acreditar que a pequenez, tal como a grandeza, se pode escolher, a cada momento, através do que optamos por pensar, sentir e fazer.