O secretário-geral do PCP insurgiu-se hoje contra o aumento do preço da eletricidade, considerando que o Governo está a fingir-se “de morto” nesta matéria, e imputou também ao executivo as culpas pela crescente “mercantilização” da água.
O anúncio do aumento do preço da eletricidade foi feito já Jerónimo de Sousa estava no concelho de Avis, no distrito de Portalegre, e foi neste bastião da CDU que apontou o dedo ao Governo por mais um “golpe nos interesses das famílias e das próprias empresas”.
“Como é que o Governo dá resposta? Finge-se de morto, atira para a Entidade Reguladora [dos Serviços Energéticos] a responsabilidade, para ver se escapa”, sustentou o dirigente comunista, perante um auditório praticamente cheio.
O dirigente comunista não se limitou a culpabilizar os socialistas, também apresentou a solução: o projeto-lei que o PCP vai levar a discussão no parlamento, na sexta-feira, para impedir o aumento do preço da eletricidade.
Na Assembleia da República, o Governo “não se pode fazer de morto”, prosseguiu, apesar de reconhecer que não é possível saber qual vai ser o acolhimento da proposta da bancada do PCP.
A eletricidade vai aumentar, a partir de 01 de outubro, com a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) a determinar uma subida de 1,05 euros por mês para a maioria dos consumidores em mercado regulado.
O auditório em homenagem ao poeta Ary dos Santos foi o palco da última ação de hoje da campanha autárquica da CDU, sob o mote “em defesa pela água pública”.
Jerónimo de Sousa justificou a escolha desta temática com o processo cada vez mais intenso de “alienação e privatização” da distribuição da água que o distrito de Portalegre está a viver.
“A água, enquanto bem público, constitui fator essencial de garantia de um direito inalienável à população. Uma questão tão mais evidente quando a sua mercantilização e transformação numa mercadoria sujeita à gula dos grupos económicos que operam o setor aí está a alastrar pelas mãos das autarquias do PS e do PSD”, acrescentou.
Esta é uma “batalha importantíssima”, continuou, tanto quanto o “direito à vida”.
No entanto, o Governo continua a criar “condições para favorecer a apropriação privada deste setor, um processo em que a verticalização e agregação dos sistemas é peça essencial nesta estratégia”.
O secretário-geral do PCP vai mais longe ainda e acusou os socialistas de bloquearem qualquer tentativa das autarquias de impedirem este processo.
“É inaceitável também que o Governo do PS continue a impedir o acesso dos municípios a candidaturas a fundos comunitários para renovação das suas redes, tentando forçá-los, por via da chantagem, a que alienem a suas competências no plano do abastecimento”, explicitou.
O Governo está tão preocupado, na opinião de Jerónimo de Sousa, em descentralizar competências para as autarquias, mas insiste em “expropriar os municípios de competências que são e devem continuar a ser das autarquias”.
A Coligação Democrática Unitária (CDU) – composta pelo Partido Comunista Português (PCP), pelo Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) e pela Associação Intervenção Democrática – concorre a 305 câmaras nas eleições autárquicas de 26 de setembro.
Há quatro anos perdeu nove municípios para os socialistas e contabilizou o pior resultado neste ato eleitoral.