O director regional da agricultura do Algarve, Fernando Severino, disse esta quarta-feira que o furto de citrinos na região se acentuou de forma notória este ano, provocando grandes prejuízos aos produtores, que apontam culpas a grupos organizados.
“Há três grandes grupos identificados. Será do exterior, não sei se de Espanha ou se de outro lado. Internamente existem grupos organizados que têm sido identificados e é aquele pequeno furto normal que sempre existiu”, acrescentou aquele responsável.
O director geral da Cooperativa Agrícola de Citricultores do Algarve (CACIAL), Horácio Ferreira, contou que, em meados de maio, numa só noite foram furtadas dez toneladas de fruta.
“Sem terem trabalho nenhum, porque era fruta que nós tínhamos apanhado e estava à espera do contentor para carregar”, explicou, acrescentando: “São situações organizadas, pensadas”.
A situação ocorre em todo o distrito de Faro e tem obrigado os produtores e organizações de produtores a contratarem serviços de segurança.
“Já estamos a pagar vigilância privada, mas (…) dentro de um pomar de citrinos é quase impossível apanhá-los [assaltantes]. Esta situação tem de ser controlada na fronteira, nas vendas ambulantes e junto às estradas”, disse, por seu turno, Pedro Madeira, da organização de produtores do sotavento algarvio Frusoal.
Apesar de não conseguir quantificar rigorosamente os prejuízos, Pedro Madeira conta que a Frusoal tem uma capacidade anual média de produção de 30 mil toneladas de laranjas e limões e que calcula que tenham sido furtadas mais de 500 toneladas este ano.
“Além do roubo que já tínhamos a nível interno, [a situação] agravou-se com o aparecimento de grupos organizados espanhóis que têm estado a passar a fronteira”, sublinhou.
Pedro Madeira diz que não se trata apenas de suspeitas, porque as autoridades já fizeram algumas detenções.
“Só que a seguir, a justiça não faz nada. Vai [o assaltante] a tribunal e mandam para casa, inclusive com os carros onde é apanhada a fruta”, por se tratar de furtos de centenas de euros, mas aquele representante da Frusoal vinca tratar-se de “milhares de roubos”.
O assunto dos furtos nos pomares de citrinos algarvios foi, esta semana, objecto de uma tomada de posição da associação empresarial e sociocultural AlgFuturo que propõe a criação de uma unidade de intervenção integrada para desmantelar os grupos organizados e proibir a venda ambulante de citrinos.
“É opinião da Algfuturo que se justifica a criação de uma Unidade Regional Integrada de Intervenção, com reforço e coordenação de meios de deteção, dissuasão, captura dos ladrões, investigação e controlo de circulação no Algarve e em cooperação com as autoridades espanholas, mas caberá a quem de direito decidir o modelo operacional que achar melhor”, lê-se no comunicado emitido pela AlgFuturo.
O director regional de agricultura e pescas do Algarve explicou à Lusa que perante a situação foi criado um grupo que conta com a colaboração da ASAE, da GNR e dos produtores e foi produzido um plano de ação.
“Estão a ser tomadas medidas que pensamos que provocam algum constrangimento” a quem pretende furtar, disse Fernando Severino adiantando que têm sido feitos controlos de estrada, de fronteira e a ASAE e a GNR estão a trabalhar de forma articulada.
A Direcção Regional de Agricultura e Pescas pretende conseguir a colaboração das 16 autarquias algarvias para controlar de forma mais eficaz as vendas ambulantes e nas bermas de estradas.
(Agência Lusa)