Cerca de dezena e meia de elementos de forças e serviços de segurança mostraram esta segunda-feira aos turistas, em Faro, que o seu “esforço profissional” para tornar Portugal “um dos países mais seguros” continua a ser ignorado pelo Governo.
“O nosso objetivo, mais uma vez, é fazer ver ao governo o quanto trata bastante mal as suas forças de segurança”, disse à agência Lusa João Francisco, dirigente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP).
Durante a manhã, os profissionais de várias forças e serviços de segurança presentes no Aeroporto de Faro distribuíram aos turistas centenas de panfletos em seis línguas (português, espanhol, inglês, francês, alemão e italiano), sob o mote “O amor à camisola tem um preço”, em que afirmam estar “fartos de ser ignorados pelo Governo”.
“Todos os dias dizem à boca cheia que Portugal é um país seguro (…), [mas] quem tutela dá uma imagem aos meios de comunicação e às populações que não é real. Se Portugal é um dos países mais seguros do mundo, como eles dizem, é graças ao suor da nossa camisola”, prosseguiu João Francisco.
O panfleto serve para os turistas “terem noção de que não é só apanhar um bilhete e vir para Faro, Lisboa, Porto, correr tudo bem, passam aqui umas férias maravilhosas e voltam ao seu país”.
“Eles têm de saber o porquê. É graças ao nosso esforço profissional”, sublinhou o dirigente da ASPP/PSP.
Os profissionais das forças de segurança exigem a revisão salarial, mudanças nos subsistemas de saúde e melhores condições de trabalho, temas que têm sido alvo de diversas reuniões com membros da tutela.
“Por diversas vezes, já lhes fizemos ver que não é com ordenados miseráveis que eles [Governo] conseguem atrair gente para as forças de segurança, e eles não querem saber. (…) Hoje em dia, entre aspas e com muito respeito, qualquer pessoa que está numa caixa de supermercado, que está a lavar carros ou que está nas obras, ganha tanto ou mais que um agente das forças de segurança e não têm um décimo do risco que a gente passa todos os dias”, afirmou.
Especificamente no Algarve, o dirigente da ASPP/PSP assegurou que os problemas relativos à falta de efetivos são “gritantes”, dando o exemplo da esquadra de PSP de Olhão, onde exerce funções.
“É uma terra difícil e todos os dias há situações. E agora, somos dois, três, quatro [agentes por escala] para uma cidade que, no verão, é capaz de andar à volta dos seus 50 a 70 mil habitantes”, apontou. Os dados dos Censos de 2021 indicam que Olhão tem uma população residente de 44.614 pessoas.
Também Luís Matos, da Associação de Profissionais da Guarda (APG/GNR), lamentou que os profissionais estejam a garantir a segurança dos turistas, durante a JMJ, “a troco de nada”.
“Basicamente, férias cortadas, horas a mais de serviço e falta de equipamentos e meios humanos”, referiu à Lusa, acrescentando que, no Algarve, “faltam muitos militares [à GNR] para garantir o policiamento e a segurança dos cidadãos que vêm de férias”.
Os maiores sindicatos e associações das forças e serviços de segurança, como PSP, GNR, SEF, ASAE, Polícia Marítima e Guardas Prisionais, estão em protesto, até quarta-feira, nos Aeroportos de Faro, Lisboa e Porto, na Gare do Oriente e no Porto Marítimo de Lisboa, na antecâmara da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).
As ações, organizadas pela Comissão Coordenadora Permanente dos Sindicatos e Associações dos Profissionais das Forças e Serviços de Segurança, vão prosseguir nas próximas semanas, incluindo, no dia 2 de agosto, uma concentração junto à residência oficial do Presidente da República.