Um incêndio no leste de Espanha está por controlar desde quinta-feira e já queimou cerca de 3.800 hectares, com as temperaturas altas para esta época e a seca a dificultarem o combate às chamas, segundo as autoridades.
O incêndio já obrigou também a desalojar temporariamente cerca de 1.7000 pessoas nas regiões de Aragão e da Comunidade Valenciana e está hoje a ser combatido por 20 meios aéreos, que apoiam diversos dispositivos terrestres.
A zona onde tem alastrado o incêndio é, porém, de difícil acesso aos meios terrestres, pelo que o combate ao fogo está muito dependente da eficácia dos meios aéreos, segundo as autoridades.
“Estamos a viver momentos muito complexos”, reconheceu hoje o presidente do governo regional da Comunidade Valenciana, Ximo Puig, ao lado do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, que hoje viajou até ao posto de comando de combate ao incêndio.
“Infelizmente, começa a ser habitual o que não era. Estamos em março, a sair do inverno, e isto tem muito a ver com a emergência climática”, disse Sánchez.
O líder do Governo espanhol acrescentou que essa emergência climática “não é futura, mas atual e urgente, e perante este problema não há espaço para o negacionismo, nem para ser neutral face a quem é negacionista”.
Além de ter chovido menos de metade do valor médio durante o inverno em várias regiões espanholas, o país tem registado nos últimos dias, em alguns pontos, temperaturas elevadas para esta época do ano, como 30 graus na cidade de Valência, na Comunidade Valenciana, a mais afetada pelo fogo que deflagrou na semana passada.
Segundo a Agência Estatal de Meteorologia espanhola, na Comunidade Valenciana há desde 01 de outubro de 2022 um “défice médio de precipitação” de 35%, com os últimos meses a serem classificados como “muito secos”.
Em metade do território desta região espanhola, nos últimos seis meses, choveu metade do que é considerado normal (os valores médios), ainda segundo os mesmos dados.
Uma das zonas com maior défice de chuva é a que está a ser afetada pelo incêndio, onde os registos de pluviosidade nos últimos seis meses não chegam a 50% do considerado normal.
O incêndio está há quatro dias por controlar e ao início da tarde de hoje continuava com “pontos críticos”, devido também ao vento, que reativou chamas em zonas que tinham sido já dadas por controladas, disse o coordenador do posto de comando, Andrés Bafalgó.
O coordenador acrescentou que as previsões meteorológicas são desfavoráveis até às 18:00 de hoje (17:00 em Lisboa) e revelou que estão no terreno 500 operacionais a combater o fogo.
As temperaturas vão manter-se “excecionalmente altas para a época do ano” nos próximos dias, em especial na zona do Mediterrâneo (sul e leste de Espanha), onde irão superar os 30 graus em alguns pontos, disse hoje um porta-voz da Agência Estatal de Meteorologia.
Mas também zonas do nordeste, como Bilbau, no País Basco, ou do centro, como Toledo, deverão alcançar temperaturas que rondam os 30 graus centígrados nos próximos dias.
No sábado passado, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, indicou que o Governo português tinha disponibilizado meios de socorro nacionais para ajudar as autoridades espanholas.