Portugal terá em 2027 uma cidade nacional que será Capital Europeia da Cultura – a par de uma cidade da Letónia – e Faro apresentou-se, na passada segunda-feira, Dia da Cidade, como a primeira candidata nacional a acolher a organização pela voz do presidente da Câmara, Rogério Bacalhau.
A organização implica que até 2017, daqui a apenas dois anos, a candidatura de Faro esteja preparada para ser apresentada ao júri internacional seleccionado pela Comissão Europeia a quem caberá, em 2019, decidir quem será a cidade portuguesa a ganhar.
Ao Postal Rogério Bacalhau esclareceu que “esta é uma aposta da autarquia que implicará um forte investimento do esforço da Câmara e de um conjunto alargado de outras entidades a nível local, regional e nacional, e que temos noção que exigirá um grande esforço e muito trabalho para poder vingar”.
A ser escolhida, Faro será a quarta Capital Europeia da Cultura Portuguesa, depois de Lisboa (1992) – ainda no período em que apenas uma cidade europeia organizava em cada ano o evento – Porto (2001), que organizou o evento a par de Roterdão na Holanda, e Guimarães (2012), que foi Capital Europeia da Cultura a par de Maribor na Eslovénia.
Faro como ponta de lança de uma candidatura de abrangência regional
Nas declarações que fez ao Postal Rogério Bacalhau deixa antever uma candidatura de Faro à organização deste programa alargado de actividades culturais na qualidade de ponta de lança de um projecto que o autarca deseja que seja de verdadeiro âmbito regional.
A escolha estratégica não surpreende, uma vez que, a cidade de Faro por si só dificilmente poderia acolher o vastíssimo programa cultural que a condição de Capital Europeia da Cultura implica.
Para já “estamos no começo do trabalho”, diz o autarca, que deseja ver envolvidos no processo de candidatura vários parceiros a nível regional entre os quais destaca à partida a Universidade do Algarve.
Identificado está também o presidente do grupo de trabalho para a elaboração da candidatura farense, o presidente do Centro Nacional de Cultura Guilherme d’Oliveira Martins, que é também o actual presidente do Tribunal de Contas. Um nome incontornável da cultura portuguesa e uma das vozes mais respeitadas no meio cultural nacional.
Faro foi Capital Nacional da Cultura há dez anos
Recorde-se que Faro foi Capital Nacional da Cultura em 2005, há dez anos exactamente, numa organização liderada pelo saudoso Rosa Mendes, que salvou o projecto de um verdadeiro ‘flop’ depois de uma implementação conturbada da candidatura.
Um erro que, quer pela importância, quer pela magnitude da candidatura a Capital Europeia da Cultura, não poderá repetir-se.
Já nesta organização Faro liderou um projecto que se estendeu a todo o Algarve e que implicou uma transversalidade da realização dos eventos culturais por toda a região.
Certo é que o anúncio da candidatura não se fez por certo na incerteza dos apoios e dos consensos necessários a um projecto desta natureza, adiantou ao Postal uma fonte habituada a este tipo de organizações.
Rogério Bacalhau é o primeiro a reconhecer, nas declarações que prestou ao Postal, que “este é um projecto que não serei eu decerto a ver concretizar enquanto presidente da Câmara, atravessará mandatos autárquicos e vários Governos até à sua concretização no terreno”.
A aposta da autarquia é pesada, mas também o são os efeitos de um projecto desta natureza, quer ao nível dos custos, quer ao nível dos benefícios que trará a Faro e ao Algarve.
Para a directora regional de Cultura do Algarve, Alexandra Gonçalves, “é uma proposta ambiciosa e positiva cuja concretização dependerá da qualidade da candidatura de Faro face à das restantes cidades candidatas que possam vir a surgir”.
A responsável regional da Cultura acredita, estudando os modelos melhor sucedidos entre os já aplicados nesta matéria pelas diversas capitais europeias da cultura e evitando os erros cometidos noutras candidaturas, que Faro com o envolvimento da região e de todos os parceiros poderá ter sucesso”.
A responsável destaca ainda a qualidade do presidente escolhido para o grupo de trabalho que elaborará a candidatura, reconhecendo a Guilherme d’Oliveira Martins “as qualidades necessárias a um projecto desta dimensão”.