O objetivo desta investigação transcultural é aumentar a compreensão dos fatores que dificultam ou ajudam os pais e mães a lidar com o stresse resultante da necessidade de conciliarem múltiplas tarefas em situação de confinamento.
As implicações da pandemia que enfrentamos, “especificamente o confinamento a casa, o isolamento social, o encerramento das creches, jardins-de-infância e escolas, o teletrabalho, o lay off e os despedimentos, vieram colocar novos desafios ao exercício da parentalidade e da coparentalidade”, afirma Maria Filomena Gaspar, investigadora do Centro de Estudos Sociais (CES) e professora da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra (FPCEUC), que coordena o estudo em Portugal, em conjunto com Anne Maria Fontaine, professora emérita da Universidade do Porto (UP).
Estes desafios, acrescenta a especialista em Psicologia da Educação da UC, “resultam das múltiplas tarefas que têm de conciliar (funções parentais habituais, apoio ao ensino escolar em casa, trabalho em casa, aumento das horas despendidas em tarefas domésticas) numa situação de confinamento que é nova e, para muitos pais, acompanhada de grandes desafios financeiros e da antecipação de dificuldades no futuro”.
A equipa solicita a participação de pais e mães neste estudo através do preenchimento de um questionário, disponível em: https://inqueritos.ces.uc.pt/index.php/293452. É feito um apelo especial aos pais para responderem, “pois habitualmente são as mães que mais participam neste tipo de investigação, o que gera uma lacuna na compreensão da satisfação e exaustão parental dos homens”. A única condição é ter pelo menos 1 filho(a) a viver em casa, qualquer que seja a idade.
Maria Filomena Gaspar explica que “há fatores que podem ajudar os pais e mães a lidar com o stresse resultante da necessidade de conciliarem múltiplas tarefas em situação de confinamento, enquanto outros podem dificultar. No primeiro grupo inclui-se a existência de um/a companheiro/a que partilha as tarefas e de momentos em que os pais/mães se autocuidam, por exemplo, enquanto no segundo grupo podemos considerar a existência de uma criança com problemas de comportamento ou hiperatividade ou uma mãe/pai muito autoexigente consigo mesmos”.
Este é o segundo grande estudo conduzido pelo consórcio internacional que investiga o burnout parental (IIBP: Internacional Investigation of Parental Burnout) e que é liderado por Isabelle Roskam e Moïra Mikolajczak, da Universidade de Louvain, na Bélgica.
O objetivo deste grupo de cientistas é estudar a validade conceptual, prevalência e variação intercultural do burnout parental em todo o mundo (cf. https://www.burnoutparental.com/international-consortium).
Cristina Pinto (Assessoria de Imprensa – Universidade de Coimbra Comunicação de Ciência)
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva