A morte anda à espreita em cada quilómetro das estradas do Algarve, com a região a registar só até 15 de Junho deste ano nove mortes e 59 feridos graves, de acordo com os dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, que revelam também que já se registaram 4.091 acidentes com feridos, mortos ou danos materiais de que as autoridades tiveram conhecimento. Não há dados oficiais disponíveis quanto a feridos ligeiros para o distrito de Faro em 2016.
Em 2015 registaram-se menos acidentes (3.630) e houve mais mortos (15). No mesmo intervalo temporal os feridos graves diminuíram, com 2015 a contar com 69.
Um cenário comparativo que parece positivo quanto a vítimas, mas que não permite fazer o retrato da evolução da sinistralidade nas vias rodoviárias do Algarve de forma mais completa e detalhada.
Os dados dos últimos três anos em acidentes com vítimas
Feitas as contas para os últimos três anos e excluíndo os acidentes só com danos materiais, 2014 registou mais acidentes (1.769), mais mortos (29) e mais feridos ligeiros (2.177) do que 2013, com apenas os feridos graves (134) a decrescerem. Em 2013 registaram-se 1.664 acidentes com vítimas, 21 mortos, 146 feridos graves e 2.062 feridos ligeiros.
Já no que respeita a 2015 – dados até Novembro – e face a 2014, somou menos acidentes com vítimas (1.761), um número que permite concluir que o resultado do todo anual neste indicador piorou, dado o elevado número de acidentes típico do mês de Natal e Ano Novo.
2015 teve também mais mortos (35) e mais feridos graves (158) e apesar de até Novembro se terem registado menos feridos ligeiros (2.120), a análise da tendência do mês de Dezembro faz adivinhar também um resultado global negativo face ao ano anterior neste caso.
Dez anos somam 396 mortos nas estradas da região
São 396 as pessoas que perderam a vida em resultado de acidentes desde 2007 até 15 de Junho deste ano [sem contar com as vítimas registadas em Dezembro de 2015, ainda não contabilizadas oficialmente], um flagelo que começou com uma subida das vítimas mortais em 2007 (72 mortes), face a 2006 (51) e registou decréscimos em 2008 (46) e 2009 (42). O mesmo indicador agravou-se em 2010 (54) e repetiu descidas em 2011 (45), 2012 (43) e 2013 (21) para regressar às subidas em 2014 (29) e 2015 (35, até Novembro).
Em dez anos apenas 2013 e 2014 apresentam um número anual de mortes nas estradas da região abaixo das 30 vítimas, com os piores anos a serem 2007, 2010 e 2011.
Quanto a feridos graves o panorama e nas mesmas condições de análise, tem melhores resultados com os 277 feridos de 2007 a caírem para 187 logo em 2008 e ‘apenas’ a ficarem acima dos 240 feridos em 2009, ano a partir do qual os números desceram consecutivamente até 2015, momento em que a tendência se inverte. O ano com menos feridos graves foi o de 2014 (134).
No que respeita a feridos ligeiros as estradas da região nunca registaram, na última década, menos de duas mil vítimas por ano, com o ano mais brando nesta matéria a ser 2013 (2.062) e o pior resultado a registar-se em 2007 (2.550).
22.500 vítimas marcam uma década de sinistralidade rodoviária no Algarve
É este o retrato da tragédia algarvia no que respeita à sinistralidade rodoviária, um mar de pessoas afectadas pelos acidentes em estrada. Ao todo entre Janeiro de 2007 e 15 de Junho de 2016 e sem contabilizar as vítimas de Dezembro de 2015, a região tem a lamentar 396 mortos, 1.716 feridos graves e 20.442 feridos ligeiros (sem contabilizar neste caso o ano de 2016).
São 22.534 vítimas directas dos acidentes de viação por estradas algarvias, uma conta pesada que recai sobre a região, mas também sobre o país.
Quanto ao número de acidentes de viação com vítimas nestes mesmos dez anos a contabilidade resulta em 20.793 ocorrências registadas pelas autoridades policiais.
O peso humano e económico de um cenário trágico
O cenário de horror dos números de vítimas directas basta para arrepiar e se a estas somarmos as famílias que indirectamente sempre sofrem com uma fatia importantes dos danos que sofreram muitos dos seus familiares acidentados, trata-se de uma verdadeira tragédia.
Por si só este quadro justifica todos os investimentos e esforços que se possam fazer em matéria de segurança rodoviária no Algarve. Foram, são e serão sempre bem empregues cada euro investido e cada acção que se leve a cabo neste domínio, que participem para menorização destes impactos humanos.
Mas as estradas e os acidentes que nelas ocorrem deixam na região e no país mais do que tragédias pessoais e familiares, marcam o quotidiano com avultadíssimos prejuízos económicos para o Algarve e para Portugal.
Basta pensarmos sobre os gastos em socorro de emergência e saúde para responder aos sinistrados nos acidentes para que esta realidade se torne digna de relevo. Acresçamos-lhe o valor das perdas em dias de trabalho e produtividade, salários de acidentados e familiares e a conta não pára de subir e se a isto somarmos os encargos do Estado com baixas médicas os valores assumem um peso impossível de ignorar.
Em dez anos tudo isto custou milhões ao Estado e gerou outros tantos euros de prejuízos à economia regional e nacional.