A Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe constitui um ponto marcante no território na viagem entre Lagos e Sagres e integra-se numa paisagem ondulante de suaves colinas onde afloram os arenitos, o designado grés de Silves, ou “pedra farinheira”, como na região de Vila do Bispo é conhecida.
Reconhecido como um dos mais antigos testemunhos do gótico na região algarvia e um importante elemento patrimonial de particular relevância histórica, este templo constitui nos dias de hoje um importante lugar de memória para as comunidades locais.
O “Projeto de Acessibilidade Física, Informativa e Sensorial”, recentemente aprovado pelo Turismo de Portugal, no âmbito de uma candidatura da Direção Regional de Cultura do Algarve à Linha de Apoio ao Turismo Acessível do “Valorizar – Programa de Apoio à Valorização e Qualificação do Destino”, pretende munir o edifício da ermida de condições de acessibilidade física, informativa e sensorial, de forma compatível e coerente com a dimensão sagrada deste espaço, com as crescentes necessidades devido à afluência de públicos e com as dinâmicas especificas de funcionamento deste monumento nacional.
O objetivo primordial deste projeto é o de dotar a Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe de um percurso acessível para qualquer visitante com mobilidade reduzida temporária ou permanente, e o de promover uma comunicação inclusiva, útil a todos os visitantes, contemplando estratégias, ações e recursos para eliminar barreiras físicas, mas também intelectuais, sensoriais, sociais ou culturais.
Pretende-se proporcionar a todos os que visitam o templo uma experiência global mais inclusiva e mais próxima do lugar, oferecendo múltiplas oportunidades de aprendizagem, com uma estratégia de comunicação inclusiva, multissensorial e multimodal, com recurso a conteúdos mais humanizados e disponíveis em vários idiomas, letra ampliada, língua gestual portuguesa, sinais internacionais e braille.
O caráter inovador do projeto traduz uma nova visão de intervir na recuperação e fruição do património e prende-se com a implementação estratégica do conjunto das seguintes intervenções:
– um passadiço e rampa de acesso, que possibilitará, de forma muito simples, ultrapassar obstáculos de acessibilidade física ao interior do monumento;
– sinalética informativa no interior e na envolvente do monumento;
– um múpi interativo que nos dará a conhecer o enquadramento histórico do lugar, a origem do culto, assim como também as vivências, saberes e memórias mais recentes das comunidades;
– um efeito holográfico que permitirá uma experiência sensorial mais atrativa e diferenciadora, que ajudará a compreender a relevância histórica e patrimonial do lugar.
Pretende-se, com este projeto, proporcionar uma nova forma de ver, observar, interpretar e sentir este lugar de memória.
(Artigo publicado no Caderno de Artes Cultura.Sul)
(CM)