Os custos associados à habitação têm vindo a aumentar significativamente nos últimos sete anos, representando agora 39,1% do orçamento familiar em Portugal, de acordo com dados revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Este aumento de 45% é impulsionado pela inflação e pelo preço das rendas, levando a uma redistribuição dos gastos familiares.
Encargos com a habitação: crescimento de 45% em sete anos
O INE destaca que, em termos nominais, os encargos com habitação aumentaram em 2951 euros desde 2015/16, atingindo agora 9452 euros anuais, com um peso de 39,1% no orçamento familiar médio. Este aumento de 7,2 pontos percentuais reflete um cenário em que as rendas e a inflação desempenharam papéis significativos, superando o crescimento do índice de preços no consumidor.
Dentro da categoria abrangente de “habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis”, as rendas subjetivas representam a maior fatia, contribuindo com 27,4% do orçamento global das famílias. Este aumento de 7,3 pontos percentuais desde 2015/16 representa um acréscimo de 2543 euros nos gastos anuais. Por outro lado, as rendas efetivas também aumentaram, contribuindo com 3,2% para os encargos totais.
Impacto nos setores relacionados
Os custos com eletricidade, gás e outros combustíveis, o segundo grupo mais relevante, mantiveram-se importantes, embora tenham perdido peso absoluto e relativo. Este grupo contribui com 1,4 pontos percentuais a menos nos encargos totais, apesar de um aumento nos custos médios anuais. Outros setores, como abastecimento de água e serviços diversos relacionados com a habitação, mostram estabilidade.
Reorganização dos gastos familiares
Enquanto os encargos com habitação aumentaram, setores como alimentação, vestuário e calçado perderam relevância na despesa total. Apesar de uma diminuição relativa na categoria de alimentação, em valor absoluto, os gastos aumentaram em 205 euros. Este fenómeno estendeu-se também aos setores de transportes e acessórios, equipamentos e manutenção associados à casa.
Diferenças regionais e despesas familiares com dependentes
A análise por regiões revela disparidades nos custos médios anuais, destacando-se o consumo mais elevado no Norte, Área Metropolitana de Lisboa e Madeira. Além disso, as famílias com dependentes têm uma despesa média anual significativamente maior, destacando-se os encargos com transportes e habitação.
O aumento dos encargos com habitação para quase 40% do orçamento familiar representa uma mudança substancial nos padrões de despesa em Portugal. O impacto destas mudanças não só reflete as dinâmicas económicas, mas também evidencia a necessidade de políticas que abordem os desafios crescentes associados à habitação.
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