O ministro do Ambiente disse hoje que o elevado custo na produção de eletricidade se combate produzindo energia elétrica através de fontes renováveis, contribuindo para a fixação de preços mais baratos para o consumidor, no futuro.
Na inauguração da central fotovoltaica Riccardo Totta, em Alcoutim, João Pedro Matos Fernandes referiu que a implementação de projetos de produção de energia limpa garante, não só a redução de emissões de gases carbónicos, como uma maior estabilidade de preços comparativamente aos combustíveis fósseis.
“Projetos como estes vão tornar o preço da eletricidade mais estável e mais barato. Porquê? Porque a produção de eletricidade a partir de fontes renováveis é muito mais barata do que a partir dos combustíveis fósseis”, explicou o governante aos jornalistas, à margem da cerimónia de inauguração da estrutura.
Localizada nas freguesias de Vaqueiros e Martim Longo, em Alcoutim, no nordeste algarvio, a central tem uma potência de 219 megawatts e é, atualmente, a maior não subsidiada a operar em Portugal e uma das maiores da Europa.
O projeto conta com 661.500 painéis instalados, que ocupam uma área descontínua de 320 hectares, tendo, no total, 40 postos de transformação que fazem a ligação entre a subestação da central e a subestação da Rede Elétrica Nacional (REN) em Tavira.
Na cerimónia, que decorreu na subestação local, o ministro do Ambiente e da Ação Climática, sublinhou que o elevado preço de produção de eletricidade em Portugal está relacionado com o aumento do preço do gás, que está “caríssimo” e constitui a outra fonte de produção de eletricidade no país.
“A maneira de garantir que ela [eletricidade] é mais barata na produção é investindo em fontes renováveis, e o solar mais ainda do que todas as outras, de forma indesmentível”, notou, acrescentando que esta aposta permite também reduzir a dependência dos mercados externos, contribuindo para “garantir uma muito maior estabilidade de preço num futuro próximo”.
Questionado pelos jornalistas sobre o impacto da redução do custo da produção de eletricidade, por via das energias renováveis, na fatura dos consumidores, o governante respondeu que esse impacto “já se está a sentir” e “de forma muito positiva”.
“Quando o preço da eletricidade no mercado grossista aumentou cinco vezes, o preço da eletricidade em Portugal para o consumidor, este ano, aumentou 1,6% e acreditamos firmemente que durante o próximo ano não vai ter qualquer aumento”, referiu.
Segundo o ministro, atualmente, Portugal já ultrapassou os 2 gigawatts de energia elétrica produzidos a partir de fonte solar e a meta para 2030 é entre os 8 e os 9 gigawatts, embora, com os projetos já licenciados “e com o que está já a acontecer no terreno” essa meta possa ser antecipada para 2025, realçou.
“Tudo aquilo que no passado foi um custo, objetivamente foi um custo, hoje é um ganho. Mesmo na existência de tarifas fixas, que neste caso são tarifas de mercado, hoje representa já uma estabilidade no preço e uma estabilidade que se reflete positivamente na fatura daquilo que os portugueses vão pagar no próximo ano”, concluiu.
Lançada em março de 2017, a Central Fotovoltaica Riccardo Totta – até aqui designada por Solara4 ou Central Fotovoltaica de Alcoutim – começou a ser implementada em 2019, num processo de engenharia moroso, tendo sofrido uma paragem em 2020 devido à pandemia de covid-19 e ficado concluída este ano.
Promovida pela WElink Energy/Solara4 em parceria com a China Triumph International Engineering Company (CTIEC) é, segundo os promotores do projeto, cerca de cinco vezes superior à Central da Amareleja, que, em 2008, era a maior central solar do mundo.
Estima-se que a central permita poupar 326 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2), o equivalente à energia utilizada por 200 mil casas num ano.
A central solar ganha o nome de Riccardo Totta em homenagem ao proprietário do terreno que colaborou com a WElink/Solara4 para que o projeto se concretizasse.