Os autotestes à covid-19 são uma alternativa mais barata e conveniente aos testes rápidos de antigénio, feitos por profissionais, e aos PCR. Mas há cuidados a ter: “são muito vulneráveis à técnica, ou seja, se a zaragatoa não for introduzida de forma adequada, o resultado pode dar um falso negativo”, alerta o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública. Ao Expresso, Ricardo Mexia explica como e quando é que se deve fazer um autoteste, numa altura em que muitos portugueses recorrem a esta opção para celebrarem o Natal junto das suas famílias.
COMO FAZER UM AUTOTESTE EM CASA?
“É importante que as pessoas percebam que não devem introduzir a zaragatoa de forma vertical”, alerta o médico de saúde pública. Tende-se a apontar a zaragatoa para cima, mas ela deve ser introduzida no nariz horizontalmente, com a cabeça inclinada para trás.
Depois, tem de se rodar a zaragatoa para recolher a amostra. Claro que um autoteste não é feito da mesma forma por um profissional: quando é realizado num laboratório ou numa farmácia, a zaragatoa é introduzida até à nasofaringe, isto é, “até ao fundo”. Ora, “um autoteste não é suposto ser feito assim”. Mas “se a pessoa se sentir confortável a fazer uma introdução mais profunda, desde que não se magoe, também o pode fazer”, diz o especialista. Porque, assim, a colheita é melhor do que se for feita apenas na zona mais exterior do nariz.
Ricardo Mexia aconselha também as pessoas a lerem as instruções que vêm com o próprio autoteste, porque há pequenas diferenças entre cada um.
COMO INTERPRETAR OS RESULTADOS?
Não é novidade, mas vale a pena relembrar. Colocada a amostra dentro do líquido, utiliza-se a pipeta de forma a libertar quatro ou cinco gotas na zona circular do dispositivo. Passados alguns minutos, deve olhar-se para a parte retangular, em que há normalmente duas letras: C de control e T de test.
Se o resultado der negativo, é expectável que a linha C fique riscada a vermelha. Se o teste for positivo, então terá as duas linhas visíveis. E se não aparecer uma risca no C, é porque houve algum problema com o teste e, portanto, o resultado não é válido.
HÁ ALGUMA REAÇÃO FÍSICA QUE CERTIFIQUE QUE FOI BEM FEITO?
Não. Muitas vezes, depois de se fazer a colheita é comum espirrar, mas “é uma reação nossa para tentar expulsar um corpo estranho”, explica o médico de saúde pública. Além de espirrar, há quem tenha a reação de soltar uma lágrima. No entanto, não se tratam de formas de certificação, é apenas o corpo a reagir.
Autotestes vão ser válidos para entrar em hotéis e restaurantes no Natal e Ano Novo
QUANTO TEMPO ANTES DE IR PARA UMA REUNIÃO FAMILIAR SE DEVE FAZER O TESTE?
“Antes de se estar em contacto com as pessoas é o ideal”, responde Ricardo Mexia. Aqui, a diferença entre meia hora e duas horas acaba por não ser muito significativa, o importante é fazer o teste antes de sair de casa ㅡ é mais seguro, caso o resultado dê positivo.
E NO DIA SEGUINTE, SE EXISTIR NOVO ENCONTRO, DEVE-SE REPETIR O AUTOTESTE?
A resposta é clara: “sim”. Como têm uma sensibilidade mais baixa, quando comparados com os PCR, “convém repeti-los mais amiúde”. Assim, se tiver um encontro familiar hoje e amanhã, por exemplo, convém fazer um teste nos dois dias, recomenda o médico.
Covid-19. Estamos “zangados e frustrados”, mas não sozinhos: psicólogos partilham cinco estratégias para ultrapassar outro Natal em pandemia
QUAL A DIFERENÇA ENTRE OS AUTOTESTES, OS RÁPIDOS DE ANTIGÉNIO FEITOS POR UM PROFISSIONAL E OS PCR?
A grande diferença é a técnica de amostragem, diz o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública.
“Do ponto de vista do processamento da amostra, um teste rápido de antigénio é muito semelhante a um autoteste, a diferença substantiva é a colheita”. Naturalmente, um profissional de saúde treinado faz uma colheita da amostra com mais qualidade do que uma pessoa que não está habituada a fazê-lo, justifica.
Apesar de não terem tanta fiabilidade, a grande vantagem dos autotestes é que, face ao seu preço e conveniência, podemos repeti-los com maior frequência. Têm ainda uma grande capacidade em detetar a infeção quanto maior for a carga viral.
– Notícia do Expresso, jornal parceiro do POSTAL