Mas o que leva estes jovens a arriscar a privacidade e gravar vídeos? O POSTAL foi saber juntos de três jovens youtubers.
Catarina Cunha nasceu em Faro e foi criada em São Brás de Alportel. Aos 20 anos, conta com quase 2 mil seguidores. Admite que começou “a gravar na brincadeira com a web do computador”. Foi há quatro anos que Catarina criou o seu canal, com o nome “Palavra de Catarina”.
Questionada sobre esta escolha para o nome, a jovem youtuber afirma que “está relacionado com o facto de eu querer mostrar proximidade com quem me vê ou lê”. O seu estilo irreverente e opiniões fortes estão vincados nos seus vídeos, onde fala de assuntos como homossexualidade, feminismo, as praxes académicas ou dá dicas de maquilhagem.
Catarina Cunha assume que a parte de ser julgada por outros “mete algum medo”. A criadora de “Palavra de Catarina”acrescenta que “no Youtube nunca tive nenhum comentário negativo, mas já me abordaram no Instagram a insultarem-me, a dizer que fazia parte da ‘esquerdalha radical’ porque partilhei algo sobre ser contra as touradas”. Uma outra youtubers tem um canal em nome próprio, Catarina Marreiros. Ela tem 19 anos, nasceu em Portimão e atualmente reside em Faro, onde estuda. Começou no Youtube em 2018 e está perto de atingir a marca dos 2 mil seguidores.
Questionada sobre a exposição pública, a estudante do primeiro ano de Ciências da Comunicação assume que “foi o que me fez durante muito tempo não começar o canal”. Nos seus vídeos, Catarina Marreiros aborda temas sobre beleza e lifestyle e revela não ser alvo de grandes hostilidades, porém “já tive uns quantos ‘dislikes’, não se pode agradar a todos”.
Mas nem tudo é negativo. Catarina Marreiros fala do Youtube como um sítio “que nos permite partilhar o que gostamos ou não, dar asas à nossa criatividade, aprender e interagir com pessoas”.
Para Catarina Cunha, a plataforma “mostra outras realidades”. Os youtubers são vistos como influenciadores e a proximidade que tem com os jovens, pode ajudar a ultrapassar situações que os adolescentes passam, como inseguranças com o corpo, homossexualidade, bullying, entre outras.
Num dos seus vídeos de perguntas e respostas ela recorda que “uma rapariga me fez uma pergunta bastante pessoal sobre estar a atravessar uma fase complicada e sentir que tudo estava a cair sobre ela. Depois do vídeo sair e de eu dar a minha opinião sobre o assunto, ela entrou em contacto direto comigo e falámos um bocado mais sobre essa situação”.
Diretamente da plataforma, chega-nos também André Jesus de 19 anos. Vive em São Brás de Alportel e tem cerca de 1.500 fãs. O primeiro vídeo está publicado há quatro anos. O Youtuber conta que a exposição pública “nunca me incomodou muito. Já recebi mensagens de algumas pessoas nas quais me agradeciam por fazer o dia delas um bocadinho menos ‘chato’ com as minhas figuras”.
Nos seus vídeos, André fala de temas do dia a dia, como namorados irritantes, friendzone ou tipos de amigos. Dos três youtubers entrevistados pelo POSTAL, os seus vídeos são os que apelam mais ao humor.
Conta o autor do canal “Zen-Nome”que “a ideia apareceu num final de tarde depois das aulas”. Sobre a capacidade que tem de chegar ao público, o jovem admite que “tenho medo que não seja a melhor influência para as pessoas”.
O receio faz sempre parte deste processo de criação do canal, mas estes youtubers algarvios tentam focar-se no lado positivo. Catarina Marreiros diz que nos seus vídeos tenta “sempre passar uma mensagem positiva ou divertir com os vídeos que partilho”. Sobre o seu futuro online, Andréadmite que a médio e longo prazo, os seus objetivos são “gravar e postar com mais regularidade”, algo que se torna difícil com as aulas e todas as atividades extracurriculares.
Para Catarina Cunha, os objetivos são claros. “Para este ano coloquei a mim mesma a meta de pelo menos 1 vídeo por mês”. Já Catarina Marreiros explica que os seus objetivos passam por “ser mais consistente com a publicação de vídeos. Às vezes, peco muito porque, com a Faculdade, fica mais complicado balançar tudo, mas estou a trabalhar nisso”.
E para quem quiser entrar no mundo dos youtubers? Catarina Cunha diz que “não tenham vergonha de ser quem vocês são e como vocês são”. Catarina Marreiros completa dizendo que “começa por criar uma lista de ideias de vídeos”. Já André é direto na sua sugestão. “Só custam os primeiros 100 vídeos, depois é só seguir”.
O Algarve vai continuar a ser representado por estes jovens online e espera-se que, daqui a algum tempo, o número de fãs aumente e estes “pequenos youtubers” possam vir a chegar longe.