O acidente com o autocarro da Frota Azul na A22, registado na noite do passado dia 17, é o segundo acidente grave que atinge turistas holandeses no Algarve.
Há 23 anos, nas primeiras horas da manhã de 23 de Dezembro de 1992, outro – muito maior – acidente atingia na sua maioria cidadãos holandeses, que viajavam a bordo do voo MP495, entre os aeroportos de Amesterdão e Faro.
Às 8.33 horas da manhã o aparelho, um DC-10 operado pela companhia aérea Martinair, partia-se em dois na pista do Aeroporto de Faro e incendiava-se, depois de uma aterragem feita com mau tempo e pouca visibilidade ter determinado a quebra do trem de aterragem direito do avião.
O balanço do acidente com o DC-10
Ao todo 56 vítimas mortais, 106 feridos graves e muitas dezenas de feridos ligeiros foram o saldo trágico daquele que é um dos acidentes mais graves de aviação da história em Portugal.
Dos 340 ocupantes do avião, 13 tripulantes e 327 passageiros, que aterraram em Faro, 284 sobreviveram ao acidente.
Uma situação de emergência bastante pior do que aquela que se viveu no acidente da A22, pelo número de pessoas envolvidas e de mortos no local do acidente mas, também, porque na época o Algarve, e o país, não dispunham dos meios de socorro que hoje estão prontos a responder a grandes acidentes.
Não obstante, o reconhecimento público da capacidade de resposta dos meios de socorro da região na época foi público por parte das autoridades nacionais e holandesas.
A resposta de emergência em 1992
Dados de estudos realizados sobre este acidente revelam que o socorro ao aparelho acidentado foi efectuado com escasso um minuto sobre a hora da tragédia pelos serviços de emergência do aeroporto e que os primeiros meios de socorro externos, dos Bombeiros Municipais de Faro, chegaram ao local cerca de 20 minutos depois, seguem-se ambulâncias e bombeiros de quase todas as corporações de bombeiros do Algarve.
Entre as 9 e as 10 horas da manhã de 23 de Dezembro de 1992, o Hospital de Faro (então Hospital Distrital de Faro) recebe todos os feridos do acidente, sendo que apenas 37 são transferidos para unidades de saúde de Lisboa em helicópteros Puma e aviões Aviocar da Força Aérea Portuguesa.
O Hospital de São José recebe 15 feridos, Santa Maria 11, São Francisco Xavier oito e Egas Moniz três vítimas, na larga maioria dos casos tratam-se de doentes com queimaduras de elevada gravidade.
De acordo com os dados de um estudo académico a que o Postal teve acesso nenhuma vítima faleceu durante o transporte dos doentes ou durante a sua permanência nos hospitais nacionais.
Vinte e três anos depois, a prontidão dos serviços de socorro e de saúde do Algarve volta a dar provas de capacidade. Muito embora numa situação de muito menor gravidade é indesmentível a rapidez e eficiência da estrutura de emergência regional no caso do acidente da A22.
Para tal contribuem em muito os planos de emergência existentes e os simulacros de acidentes graves que permitem ter em plena capacidade de resposta o dispositivo de protecção civil do Algarve, como o Postal noticiou ontem (VER).