Ao nível familiar, a dependência económica acontece porque a família depende de uma única fonte de rendimento constituída pelo ordenado auferido. Essa dependência agrava-se quando são os dois cônjuges a trabalhar na mesma empresa, se esta fechar ficam os dois sem qualquer rendimento.
Ao nível nacional, numa economia aberta como a portuguesa, a dependência existe quando o país vende, ou compra matérias primas, essencialmente a um país, se esse país entrar em crise o país dependente entra também em recessão. Por isso é que os países, ou empresas, não devem estar dependentes de um, ou poucos, fornecedores ou compradores.
A situação de dependência acontece nas regiões receptoras de turismo como o Algarve. Esta região está dependente da actividade turística, não tem produção industrial e pouca produção agrícola e sem um associativismo que lhe dê controlo de qualidade e capacidade negocial. A dependência do turismo é evidente. Há muitos anos que eu digo que bastaria rebentarem dois petardos, em locais estratégicos, que a imprensa nacional e internacional encarregar-se-iam de acabar com o turismo e a região entrar em crise económica. Não foi preciso tanto, bastou um vírus para instalar a derrocada económica.
A reestruturação económica do Algarve cabe ao governo e às entidades públicas e privadas da região em partes iguais. Ao governo cabe a planificação económica nacional, na qual devem ser definidas políticas de desenvolvimento global de cada região, às entidades públicas locais cabe definirem estratégias e medidas concretas de desenvolvimento industrial e agrícola, às entidades privadas cabe fazerem investimentos enquadrados nas linhas orientadoras regionais, no sentido de amenizarem a dependência económica de um único sector.
A globalização pôs-nos em concorrência com todos os países do mundo, por isso, quando pensamos a economia devemos ter esta realidade sempre presente. Não podemos estar à espera, dependentes, dos turistas de um ou dois países, temos que conquistar os turistas de todos os cantos do mundo. As tensões económicas e políticas surgem quando menos se espera, pelo que devemos estar preparados para contrariarmos as suas consequências.
O Algarve não pode estar tão dependente do turismo!