O ano de 2020 ficou marcado pelo assassinato de 30 mulheres, sendo 16 delas em contexto de relações de intimidade. Os resultados foram apresentados pelo Observatório de Mulheres Assassinadas (OMA), da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), a partir das notícias reportadas nos media entre 1 de janeiro e 15 de novembro.
Mostram os dados que em 63% dos femicídios já havia violência prévia e em 80% essa violência era mesmo conhecida de outras pessoas; em 40% tinha havido ameaça de morte, a mesma percentagem de casos em que se registaram denúncias anteriores, uma tendência que se repete anualmente.
Os femicídios em contexto de intimidade diminuíram em relação ao período homólogo do ano passado, de 21 em 2019 para 16 no presente ano. As tentativas de femicídio, contudo, no mesmo contexto aumentaram de 24 para 43, segundo dados do OMA. No ano passado houve 28 mulheres mortas e 27 tentativas de homicídio em contexto de relações de intimidade e familiares e duas noutros contextos (num total de 30 mulheres assassinadas).
NOVEMBRO COM PIORES NÚMEROS
O mês de novembro tem os piores números, com três femicídios, referiu o relatório. “Não podemos dizer que a pandemia afetou os nossos dados. O que podemos dizer é que a pandemia torna a convivência mais difícil”, afirmou Cátia Pontedeira, do OMA.
Segundo os dados de 2020: em dois dos 16 femicídios havia a presença de crianças durante o crime, em dez deles o homem e a mulher tinham filhos em comum. No total, 21 filhos ficaram órfãos em consequência dos femicídios. Já nove dos assassínios aconteceram enquanto o casal ainda estava em relação, seis depois de as relações terminarem e um numa relação pretendida. Em oito casos, as mulheres tentaram separar-se ou separaram-se do homicida antes de serem assassinadas.
IDADES ENTRE 36 A 50 ANOS
Já em relação à idade das vítimas, a maioria tinha entre 36 e 50 anos. Os homicidas tinham mais de 36 anos, e só 35% é que estavam empregados, sendo que para 47% dos casos não se sabe a situação laboral.
O crime ocorreu na residência conjunta em 44% das situações, ou na residência da vítima em 25%; houve ainda crimes cometidos no local de trabalho ou na via pública (um em cada uma destas situações). Armas de fogo, arma branca e asfixia foram as causas principais das mortes. Cinco dos homicidas suicidaram-se depois do crime, outros três tentaram fazê-lo.
Nos outros 14 casos em que houve assassínio de mulheres, 12 foram em contexto familiar: em quatro deles o homicida era o filho; em dois casos o homicida era progenitor, em dois casos era irmão. A maior parte das mulheres assassinadas neste contexto tinha mais de 65 anos. Os homicidas tinham sobretudo entre 36 e 50 anos.