Cristóvão Norte, deputado PSD eleito pelo Algarve, afirma na sua página de Facebook que “temos os hospitais em colapso. A pandemia alastrou e não foram tomadas medidas atempadas para controlá-la ou, pelo menos, controlar as suas consequências, aumentando a capacidade instalada dos hospitais”.
O parlamentar recorda que “em Março, com números 10 vezes inferiores, de casos e de mortos, tínhamos hospitais de campanha em pavilhões espalhadas por todo o país. Os serviços em prontidão máxima. Desta feita, não se previu nem se reagiu”.
“Ignorou-se. Ignorou-se a estirpe do Reino Unido. Ignorou-se o tempo frio. Ignorou-se a gripe. Ignorou-se a regra e promoveu-se a excepção. Ignorou-se a importância de sancionar quem não cumpre. Muitos de nós – a comunidade – ignorou o que não devia”, acrescenta.
“Só se pensou no Natal e como seria impopular perturbar esse convívio familiar”, vinca o deputado social-democrata.
“Os bons responsáveis públicos são os que antecipam os problemas, os mais ou menos os que reagem, os maus os que não fazem nem uma coisa nem outra”, afirma.
No entanto, Cristóvão Norte diz que “há exceções. Por exemplo, no Algarve, o Centro Hospitalar Universitário do Algarve – sem que ninguem lhes tivesse ordenado -, preparou um hospital de campanha com 100 camas, o qual está no terreno há mais de uma semana e para o qual estão a ser enviados os casos desesperados de várias zonas do país, aqueles que ficam horas em ambulâncias órfãos dos cuidados a que têm direito” e mostra o seu “reconhecimento por esta decisão que merece ser exaltada”.
“Mas é esta decisão – numa lados e não outros – que põe a nu que não há qualquer coordenação do governo, o carácter completamente voluntarista da ação do Estado”, lamenta, acrescentando que “não se sabe quantas camas estão disponíveis, onde, e é caricato que os médicos desesperados liguem hospital a hospital para encontrar uma cama livre, pois que inexiste uma base de dados nacional. Ridículo”.
“Temos que ser nós a fazer o que o Estado não faz. O Governo não está a dar conta do recado. Tem que corrigir e rápido. É mais que nunca a hora dos cidadãos”, afirma o deputado.
Cristóvão Norte apela a que “façam o que manda o bom senso” e destaca cinco medidas:
1. Não esperar 15 dias. Decidir mudar de imediato as medidas governamentais e determinar um confinamento ‘absoluto’ durante 3 semanas para depois ser reavaliado. Isto tem de incluir as escolas, garantindo o apoio remuneratório a um dos pais, tal como aconteceu durante a primeira vaga. O problema não são as infeções nas escolas. É toda uma sociedade que não consegue parar com as escolas abertas. Mais, todas as demais atividades não essenciais, que não sejam possíveis por teletrabalho, devem cessar atividade de imediato pelo mesmo período de tempo. Tudo deve de parar de imediato. Reduzir as regras de circulação unicamente para as situações determinadas aquando do estado de emergência de março 2020. As forças de segurança devem ter instruções claras para atuar em conformidade perante a violação das regras definidas em todo o território nacional.
2. Mobilizar todos os meios de saúde disponíveis no país para as próximas semanas. Chamar todos os recursos humanos disponíveis para abrir o maior número possível de hospitais, clínicas e tendas de campanha com máxima urgência.
3. Comunicar de forma clara, transparente e diária com o país sobre a gravidade da situação e sobre o que se espera de cada cidadão. Ponderar novamente os riscos inerentes ao ato eleitoral de dia 24 – sobretudo depois do que se viu com o voto antecipado.
4. Preparar desde já o momento em que se levantarão as medidas restritivas de modo a evitar um novo aumento de casos e futuros confinamentos. Isto exige um aumento significativo do dispositivo de saúde pública e da capacidade de testagem. O país tem de testar no mínimo 5 vezes mais do que atualmente, com particular enfoque na testagem semanal dos profissionais das escolas, dos lares e de saúde. Temos de ser capazes de identificar todos os infetados e determinar as cadeias de infeção – sem saber onde as pessoas se infetam, não seremos capazes de atuar precocemente na contenção de surtos. Mais, devemos ser capazes de identificar todos os que tiveram contacto com pessoas infetadas e garantir o isolamento de todos – doentes e suspeitos. Garantir mesmo que fiquem isolados. Contratualizem-se os hotéis do país para o efeito dividindo-os em hotéis para infetados e outros para suspeitos. Testar, identificar e isolar. Não há outra forma.
5. Usar o facto de Portugal ter a presidência do conselho da União Europeia para exigir uma renegociação das vacinas COVID-19 de modo a acelerar o ritmo de vacinação. Temos de vacinar 80% da população até Junho 2021.
“Estas 5 medidas são de um especialista, Ricardo Batista Leite e são propostas públicas, que subscrevo”, conclui o deputado social-democrata.