Portugal poderá ser um dos primeiros países a ter um corredor aéreo com os britânicos, evitando que os turistas do país sejam obrigados a fazer uma quarentena de duas semanas ao regressar ao Reino Unido, medida que vigora desde 8 de junho. Boris Johnson irá anunciar decisão na próxima segunda-feira.
Numa altura em que estão ao rubro as polémicas e decisões sobre a reabertura de fronteiras, no desconfinamento da pandemia de covid-19, o presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), Francisco Calheiros, acredita que “vai imperar o bom senso” e que o Reino Unido vai incluir Portugal na lista dos países onde os britânicos podem viajar ser estar sujeitos a restrições, como quarentenas.
O Governo de Boris Johnson irá anunciar a decisão na próxima segunda-feira, 29 de junho, no âmbito da primeira revisão das medidas decretadas há três semanas para tentar travar a pandemia.
“O Reino Unido é o nosso principal mercado desde há muitos anos, e para nós este é um objetivo fundamental. Temos estado a trabalhar nesse sentido e, esta quinta-feira, tivemos reuniões entre forças inglesas e portuguesas de caráter técnico, com a presença de epidemiologistas, para explicar aos ingleses que a situação está a ser controlada”, adiantou Francisco Calheiros ao Expresso.
Podemos ser excluídos da lista de países
considerados seguros pelo Reino Unido
O Governo britânico vai dispensar o cumprimento de quarentena a pessoas que viajem entre o Reino Unido e alguns países com um risco baixo de infeção com covid-19, mas a inclusão de Portugal está incerta, noticiou esta terça-feira o “The Times”.
De acordo com o diário, o Governo de Boris Johnson está perto de fechar uma lista de 10 países considerados seguros para os turistas britânicos viajarem sem que seja necessário ficarem em isolamento durante duas semanas no regresso, como acontece atualmente.
A lista inclui países como França, Espanha, Grécia, Itália e Turquia devido aos baixos níveis de infeção com coronavírus, mas Portugal, adianta o “Times”, é objeto de um “debate intenso” devido ao recente surto no Algarve.
Uma fonte do governo disse ao jornal que “qualquer decisão em aceitar corredores de viagens com outros países será baseada em critérios rigorosos de saúde pública”.
Uma festa em Odiáxere, no concelho de Lagos, resultou em pelo menos 111 pessoas infetadas, das quais 19 são crianças com menos de 9 anos, indicou a Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve, que terá realizado cerca de 2.500 testes covid-19 para conter o surto.
O Governo português tem sido ativo na pressão junto das autoridades britânicas para abrir um “corredor aéreo” para Portugal, destino de mais de 2,5 milhões de britânicos todos os anos, que representaram quase 20% das dormidas de estrangeiros em 2019.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, disse à BBC no início de junho estar em negociações com Londres e manifestou esperança de alcançar um acordo até ao final do mês e no sábado o embaixador de Portugal no Reino Unido, Manuel Lobo Antunes, voltou a manifestar interesse num entendimento.
“Nós pensamos que a situação está sob controlo e ficaríamos felizes em receber, como antes, o maior número possível de britânicos”, afirmou também à BBC.
Desde 8 de junho que todas as pessoas que chegam do estrangeiro ao Reino Unido, incluindo britânicos, são obrigadas a permanecer em isolamento durante 14 dias para reduzir a probabilidade de contágio da covid-19.
As transgressões serão puníveis com multas de mil libras (1.100 euros), estando isentas pessoas vindas da Irlanda, motoristas de transportes de mercadorias, médicos que estejam envolvidos no combate à pandemia de covid-19 e trabalhadores agrícolas sazonais.
A data formal para as condições desta medida serem revistas é na próxima semana, mas o ministro da Saúde, Matt Hancock, revelou na segunda-feira que o anúncio poderá acontecer antes.
“Temos uma data formal de reavaliação da política da quarentena no final do mês e vamos garantir a publicação com antecedência do que planeamos fazer em termos de para onde pensamos, com base nos pareceres epidemiológicos, sermos capazes de formalizar corredores de viagem”, afirmou.
De acordo com os dados mais recentes, o Reino Unido registou 43.230 mortos desde o início da pandemia covid-19, o mais alto na Europa e o terceiro maior número a nível mundial, atrás dos EUA e Brasil.
Portugal contabiliza pelo menos 1.549 mortos associados à covid-19 em 40.415 casos confirmados de infeção, segundo o boletim de ontem da Direção-Geral da Saúde (DGS).
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 492 mil mortos e infetou quase 10 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.