Fonte oficial do Ministério do Ambiente e Ação Climática disse à Lusa que a deteção do novo coronavírus nas águas residuais é uma “mais-valia nacional”, mas acrescentou que é cedo para dar mais pormenores sobre o projeto, o que só deve acontecer depois de existir um consórcio oficialmente formado.
A fonte disse que atualmente é feita, de forma sistemática, a monitorização de agentes patogénicos em águas residuais, “com métodos de microbiologia clássica”, e também é feita “a pesquisa de agentes infecciosos virais com métodos de genética mais evoluídos”.
Mas acrescentou que por o novo coronavírus, que provoca a doença covid-19, ser muito recente, “ainda não está desenvolvido nenhum método ‘standard’ de pesquisa deste agente nas águas residuais”, embora esteja a ser desenvolvida investigação nesse sentido a nível mundial.
Na Holanda, cientistas, citados pela imprensa, dizem ter detetado indícios do novo coronavírus nas águas residuais na cidade de Haarlem antes mesmo dos primeiros casos se terem ali registado oficialmente. Essa análise pode ajudar perceber a propagação do vírus.
A fonte questionada pela Lusa salienta que o facto de haver possibilidade de detetar material genético do coronavírus nas águas residuais não implica que o vírus esteja intacto e com capacidade para infetar.
“Este é um vírus de envelope, ou seja, o seu material genético encontra-se protegido por uma barreira lipídica e, quando esta barreira é destruída, o vírus pode perder o seu potencial infeccioso, mas o material genético continua passível de deteção por métodos moleculares”, explicou.
A mesma fonte citou também os estudos recentes desenvolvidos na Holanda que apontam para “um reduzido período de tempo que mediou a notificação por parte das autoridades de saúde do primeiro caso naquele país e os seus vestígios nas águas residuais”, pelo que “está a ser estudada” a possibilidade de o vírus ser primeiro detetado nas águas residuais do que nos seres humanos.
A análise das águas residuais pode ser uma ferramenta, conjugada com outras, que ajude nos estudos epidemiológicos, disse a fonte, que apontou para limitações atuais, como a falta de uma “quantidade significativa de dados experimentais”.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,3 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 75 mil.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 345 mortes e 12.442 casos de infeções confirmadas.