Portugal ainda não tem casos suspeitos de contágio com a nova variante de covid-19, identificada na África do Sul, mas já tem casos em investigação na região de Lisboa. A confirmação chegou este sábado através da diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, que, em declarações aos jornalistas, fez questão de realçar que “há casos em investigação, mas não se pode dizer que são casos suspeitos”.
Os casos a que se reporta Graça Freitas estarão circunscritos à região da grande Lisboa, “mas pode a qualquer momento surgir um alerta de outra parte do país”, sinaliza a diretora-geral de saúde. Trata-se de “casos que estão a ser investigados”, de pessoas que vieram da África Austral, epicentro da nova variante identificada e que já contabiliza casos confirmados na Europa. A Bélgica confirmou na sexta-feira o primeiro caso de contágio com esta variante. Alemanha e Países Baixos confirmaram este sábado estar a despistar casos positivos.
INSA ATENTO À EVOLUÇÃO DA VARIANTE
O facto de ainda não sido detetado nenhum caso de contágio com a variante sul-africana do vírus em Portugal, “não quer dizer que não estejamos à procura”, avança Graça Freitas. A diretora-geral de Saúde admitiu que o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), a Direção-geral de Saúde (DGS) e as autoridades de saúde “sinalizam casos importantes, casos que podem ser e são investigados, e é feita a investigação genómica”. Isso acontece sempre que um médico ou uma autoridade de saúde detetam situações de risco.
Nestes casos, vinca, “o INSA é de imediato notificado e entra em ação para poder fazer a identificação genómica da nova variante”. Graça Freitas confirmou a preocupação das autoridades nacionais com a propagação desta variante na Europa. “É óbvio que estamos preocupados” disse, recordando que a Organização Mundial de Saúde a classificou como sendo de preocupação.
Já esta sexta-feira, em declarações à agência LUSA, o investigador do INSA João Paulo Gomes confirmava que o instituto se encontrava a vigiar a linhagem da variante descoberta na África do Sul, embora ainda não se contabilizasse qualquer caso suspeito em Portugal. “Nós continuamos a fazer a vigilância contínua das variantes e nunca até hoje identificamos qualquer caso de infeção associado a esta linhagem”.
João Paulo Gomes explicou que esta é uma linhagem que preocupa a comunidade científica, porque se caracteriza pela presença simultânea de “um anormal número de mutações na proteína de interesse, a proteína ‘Spike'”. Muitas dessas mutações, sinalizou, “estão na zona de ligação às nossas células e outras são mutações associadas à falha de ligação aos anticorpos e, portanto, o problema desta nova linhagem é que tem muito mais mutações destas do que as outras variantes que nos preocuparam até agora”.
Graça Freitas apela a quem tenha viajado da África Austral e Angola que se dirija a uma farmácia para realizar um teste rápido antigénio. Cinco dias depois da chegada a Portugal, defende, devem voltar a testar. “Se o teste for positivo entram automaticamente no sistema e são encaminhados pelo SNS e acompanhados por médicos”, referiu a diretora-geral de Saúde.
Recorde-se que a propagação desta variante está a colocar a Europa em alerta. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apelou à suspensão imediata de todo o tráfego aéreo a partir dos países da África Austral, onde foi detetada a nova variante. Vários países estão já a colocar no terreno planos de contenção.
Portugal decidiu suspender, a partir da próxima segunda-feira, todos os voos de e para Moçambique e, além disso, impôs ainda (a partir das 00h00 deste sábado) uma quarentena obrigatória de 14 dias para todos os passageiros de voos oriundos daquele país, mas também da África do Sul, Botsuana, Essuatíni, Lesoto, Namíbia e Zimbabué. Outros países deverão adotar restrições a partir da próxima semana.
– Notícia do Expresso, jornal parceiro do POSTAL