O conselho nacional do Chega reúne-se dois dias, em julho, para aprovar o seu programa político e estabelecer “as linhas” de que “não está disposto a abdicar” num eventual governo, disse hoje à Lusa fonte partidária.
O debate e aprovação do programa do Chega, que dividiu o partido, esteve agendado para o congresso nacional de Coimbra, de 28 a 30 de maio, mas foi adiado para a primeira reunião do conselho nacional, agora agendado para 2 e 3 de julho, no Algarve, em local ainda a anunciar.
“As alterações programáticas a discutir procuram também estabelecer um consenso alargado sobre as diversas linhas ideológicas mais fortes da base de militância, do nacionalismo político ao conservadorismo moral e religioso, passando por um forte liberalismo económico”, declarou à Lusa André Ventura, presidente e deputado único do partido.
Durante o congresso, em que o partido mais à direita do parlamento deu sinais de divisão interna, Ventura justificou o adiamento com a “complexidade do documento” e que seria “extemporâneo realizar esse debate”, procurando-se agora “esclarecer as posições do partido em matéria de saúde e educação públicas, imigração, união europeia, relações laborais e reforma fiscal”.
Depois de em vésperas do congresso, em entrevista à Lusa, Ventura ter dito que a reunião de Coimbra serviria para definir e votar “as balizas” do Chega para participar num eventual governo de direita, foi votada e aprovada uma moção de estratégia global, intitulada “Governar Portugal”, com objetivos genéricos.
Agora, a direção nacional do Chega afirma que o programa, atualmente com cerca de 60 páginas, vai procurar “esclarecer as posições do partido em matéria de saúde e educação públicas, imigração, união europeia, relações laborais e reforma fiscal” e definir, “em concreto, as linhas do programa de que não está disposto a abdicar” num eventual governo à direita.
Em Coimbra, durante dois dias e em três discursos, André Ventura criticou a estratégia de oposição do PSD, chamando a Rui Rio “muito mau líder”, e pediu unidade interna e uma votação nas urnas que permita ao Chega fazer “exigências” e “impor-se” aos sociais-democratas numa eventual negociação.
O PSD, que antes confirmou a presença, recuou e não se fez representar na sessão de encerramento do congresso por achar que tinham sido ultrapassados os “limites da decência e bom senso” quanto aos sociais-democratas.
“Excecionalmente”, segundo fonte da direção nacional, a reunião do órgão mais importante entre congresso do Chega, com 100 membros, será aberta aos jornalistas.