Há 12 quilómetros da costa de Suffolk, no Reino Unido, ergue-se um forte marítimo que, desde os anos 60, desafia as fronteiras tradicionais de soberania. Trata-se de Sealand, uma estrutura construída em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, pelo governo britânico para servir de defesa contra possíveis ataques aéreos. No entanto, esta pequena construção acabaria por ganhar notoriedade muito depois da guerra, transformando-se num dos casos mais curiosos de reivindicação de independência mundial.
O forte marítimo foi abandonado em 1956, até que, na década de 60, o DJ Paddy Roy Bates, uma figura conhecida nas transmissões de rádio pirata, viu ali uma oportunidade de negócio, convertendo a estrutura na sede das suas emissões. Depois da aprovação da Lei de Ofensas de Radiodifusão Marítima, em 1967, Bates viu-se forçado a reinventar o seu projeto. Para fugir à nova legislação, decidiu autoproclamar o forte como uma nação independente, dando-lhe o nome de “Principado de Sealand”.
A partir dessa declaração, Bates começou a desenvolver símbolos de estado para Sealand, criando uma bandeira e até um hino nacional. A situação gerou curiosidade e até certo espanto, sobretudo quando o Reino Unido se envolveu em confrontos judiciais para tentar demolir vários fortes abandonados, incluindo o que Bates agora considerava a sua nação.
Sealand sobreviveu a várias provações, incluindo uma tentativa de invasão e um sequestro por mercenários, marcando uma história de resistência numa escala surpreendente. Apesar de não ser formalmente reconhecido como país pela maioria dos governos, a família Bates sustenta que Sealand é a menor nação independente do mundo, mantendo-se ali há décadas com um negócio de criação de berbigões que lhes garante sustento.
Os habitantes do “principado” levaram a sério a construção da sua identidade nacional. Para além da bandeira e do hino, foi desenvolvido um sistema de vistos, embora o próprio site de Sealand ressalve que a permissão para um visto é “altamente improvável”.
Um documento desclassificado do governo britânico descreveu Sealand de forma peculiar, apelidando-o de “uma Cuba na costa leste de Inglaterra”. Hoje, apesar da sua curiosa reivindicação de soberania, Sealand permanece como uma das micronações mais icónicas, oferecendo um vislumbre do que significa resistir nas margens da legalidade e da história geopolítica.
Leia também: Costuma fazer transferências por Multibanco? Saiba o limite máximo permitido