Imagine um país onde as barbas são praticamente ilegais, os carros têm de ser brancos e as leis tiradas parecem de um filme de ficção. Bem-vindo ao Turquemenistão, um destino na Ásia Central que desafia qualquer lógica, tanto pelas suas regras muito estranhas como pelo estilo único de liderança. Este é um dos países mais fechados do mundo, conhecido pelas suas regras autoritárias, proibições curiosas e um culto à personalidade dos seus líderes que não passa despercebido, como relata a Meteored.
Situado na antiga Rota da Seda, entre o Cazaquistão, Uzbequistão, Afeganistão e Irão, o Turquemenistão, um dos países com as regras mais bizarras do mundo, é uma terra de vastos desertos e rica herança cultural. Contudo, desde a sua independência em 1991, após o colapso da União Soviética, o país tornou-se conhecido pelas suas leis peculiares e pela gestão autocrática dos seus líderes. Ashgabat, a capital, é apelidada de “Cidade Branca”, pois é dominada por edifícios de mármore que brilham sob o sol, conferindo-lhe uma aparência tão surreal quanto as leis do país.
No Turquemenistão, o uso da palavra “coronavírus” foi proibido durante a pandemia, como se evitar a palavra pudesse eliminar o problema. Não é permitido fumar em espaços públicos, o que não seria estranho, não fosse a falta de explicações plausíveis além de um simples decreto presidencial.
E há mais: carros pretos são proibidos, sendo os veículos brancos os preferidos do governo, por serem considerados símbolos de classificação e pureza. Quem tem um carro escuro pode enfrentar multas ou ser convocado a pintá-lo. Este gosto peculiar reflete uma obsessão do ex-presidente Gurbanguly Berdimuhamedow, que impôs a sua visão estética ao país de forma implacável.
Gurbanguly Berdimuhamedow, presidente do Turquemenistão entre 2006 e 2022, deixou sua marca na história do país – e também nas ruas de Ashgabat. Conhecido por ser um verdadeiro “homem dos sete ofícios”, destacava-se como cantor, escritor, atleta e até motociclista. Participava em corridas de cavalos, fazia acrobacias para a televisão estatal e construía estátuas em sua homenagem, como a icónica figura dourada em cima de um cavalo, visível de qualquer ponto da capital.
Este culto à personalidade, revelado ao da Coreia do Norte, é evidente que não só nas inúmeras estátuas e monumentos dedicados ao ex-presidente e à sua família, mas também no controlo extremo sobre os cidadãos e os visitantes.
Ashgabat é uma cidade marcada pelo luxo excêntrico e pelo vazio das suas ruas. Em 2013, entrou no Livro do Guinness como a cidade com mais edifícios de mármore branco, um total de 543 estruturas que cobrem uma área de 4,5 milhões de metros quadrados. A cidade também abriga o quarto mastro de bandeira mais alto do mundo, a maior roda-gigante fechada e o maior complexo de fontes sincronizadas. A Estrela de Oguzkhan, um elemento arquitetónico octogonal, é outra atração impressionante.
Apesar desta grandiosidade, a capital tem uma atmosfera quase fantasmagórica, com avenidas largas e pouco trânsito, uma vez que poucos habitantes têm autorização para circular livremente.
A lista de proibições no Turquemenistão parece interminável. Apenas homens com mais de 70 anos podem usar barba, já que barbas são vistas como um sinal de extremismo religioso. As mulheres enfrentam regras de vestuário, sendo desencorajadas do uso de roupas ocidentais, maquilhagem ou penteados modernos.
A cultura ocidental também está na mira das proibições: jogar videojogos, ouvir rádio no carro ou assistir a ópera e balé estão entre as atividades vetadas. Além disso, as redes sociais estão bloqueadas, dificultando qualquer forma de expressão livre no país.
Visitar o Turquemenistão, um dos países mais fechados do mundo, é um verdadeiro desafio. O turismo é rigorosamente controlado e os visitantes precisam de guias autorizadas para todas as suas deslocações. “Aqui, não se pode andar sozinho nas ruas e todas as viagens têm de ser anunciadas com antecedência e aprovadas pelo Ministério”, explica a revista Viajar , citada pelo site ‘Vou Sair’.
Apesar das dificuldades, o país oferece atrações únicas, como a famosa Cratera de Darvaza, conhecida como a “Porta para o Inferno” – um enorme poço de fogo no deserto de Karakum, que queima continuamente desde os anos 70 devido a um acidente de poço soviético.
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