Um grupo imobiliário algarvio quer investir 300 milhões de euros na construção de um complexo multiusos em Loulé, focado em áreas como o turismo náutico e de negócios, mas cuja componente comercial já mereceu críticas da associação de comerciantes.
Caso seja aprovado, o projecto deverá ocupar uma área de 60 hectares, na zona sul da área industrial de Loulé (Campina de Baixo), prevendo-se que a sua construção demore três anos e permita a criação de milhares de postos de trabalho, disse à Lusa Reinaldo Teixeira, administrador do grupo Enolagest.
Apesar de reconhecer que o projecto é positivo, sobretudo nas áreas do turismo de congressos e da saúde, o presidente da Associação de Comércio e Serviços da Região do Algarve (ACRAL) defendeu que o Algarve já tem uma “oferta excessiva” na área comercial, dando o exemplo do complexo comercial onde se insere o IKEA, que está a ser construído a poucos quilómetros.
“Há um desequilíbrio, já de há muitos anos, e que veio agora agravar-se com a construção do IKEA”, criticou o presidente daquela associação, Álvaro Viegas, considerando que a abertura de mais uma área comercial em Loulé é “desajustada e prejudicial”, até para os próprios investidores do complexo multiusos.
Reinaldo Teixeira referiu, por seu turno, que “não é fácil encontrar um projecto com uma localização tão próxima a Loulé litoral e interior e que tenha a diversidade e complementaridade” das várias áreas que o complexo pretende agrupar: serviços, comércio, parque temático, centro de eventos e congressos e polo de saúde.
De acordo com aquele responsável, um dos objectivos é que a área comercial se assuma como um centro de venda e distribuição de produtos regionais, fugindo ao conceito que caracteriza as grandes superfícies.
“Não acredito, porque não é viável criar uma área comercial com dimensão razoável só para a comercialização de produtos regionais”, contrapôs Álvaro Viegas.
O empreendimento deverá, ainda, reservar uma zona para a instalação de um centro de inovação de empresas vocacionadas para as tecnologias de informação e conhecimento, investigação e indústria não poluente.
O parque temático vai estar associado ao turismo náutico e, apesar de o local de implantação do complexo estar a seis quilómetros do mar, Reinaldo Teixeira lembrou que a água não é um recurso exclusivo do mar e que este projecto tem potencial para ligar o litoral ao centro e interior do concelho.
O centro de congressos foi projectado para dar resposta ao turismo de negócios e o seu auditório terá capacidade para 3.500 lugares sentados, acrescentou.
Em termos de impacto económico, o grupo espera criar milhares de postos de trabalho directos e indirectos e dar consistência a uma segunda frente de turismo que complemente o sol e praia e contribua para esbater os efeitos da sazonalidade turística.
Actualmente, o grupo promotor está a elaborar o plano de pormenor do projecto “Algarve cluster multiusos”, que carece ainda de aprovação da Câmara de Loulé e da Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, para poder passar do papel para o terreno.
Esta é a segunda versão do projecto que, inicialmente, incluía no seu recinto uma loja do IKEA e um hipermercado, que acabou por não prosseguir quando o grupo sueco optou por um projecto mais alargado localizado nas proximidades do Estádio Algarve.
(Agência Lusa)