16 de novembro de 2022 é mais um dia histórico da conquista espacial. Mais de cinco décadas depois do primeiro passo do Homem na Lua, a 20 de julho de 1969, é lançada a primeira fase do programa Artemis para levar de novo astronautas à Lua, desta vez incluindo mulheres, como parte da missão até Marte.
O foguetão mais poderoso do mundo descolou do centro espacial Kenneddy na Florida às 1h47 hora local, eram 6h47 em Lisboa, para uma missão que marca o grande início do programa norte-americano para o regresso à Lua.
A terceira tentativa de lançamento foi assim bem sucedida, depois de duas tentativas canceladas à última da hora este verão devido a problemas técnicos, além de dois furacões que também adiaram a descolagem.
A bordo segue a cápsula Orion, que não tem astronautas, não vai pousar na Lua, mas vai aventurar-se até 64.000 km atrás dela, um recorde.
O objetivo desta missão Artemis 1, que deve durar pouco mais de 25 dias, é verificar se esta nova nave espacial é segura para transportar uma tripulação até à Lua nos próximos anos.
► O lançamento em direto no site da NASA.
Programa Artemis
O programa norte-americano para o regresso à Lua, Artemis, irmã gémea de Apolo e deusa da caça e da Lua na mitologia greco-romana, é constituído por várias missões. Depois de alguns adiamentos, Artemis I é a primeira, sendo que ainda não levará astronautas a bordo.
Esta primeira missão visa testar o novo foguetão gigante da NASA, SLS (Space Launch System), e a cápsula Orion colocada no topo e onde viajarão as tripulações a partir da missão Artemis II.
No topo do foguetão está a cápsula Orion, onde futuramente serão instalados os astronautas mas onde atualmente viajam bonecos e experiências científicas.
A cápsula Orion, uma vez impulsionada pelo foguetão, irá até à Lua e entrará na sua órbita, para depois regressar à Terra, numa missão que pode durar de 39 a 42 dias. Deverá ser recuperada no Oceano Pacífico e depois reutilizada.
► Acompanhar o percurso da Orion em tempo real
Em 2024, a missão Artemis II deverá então levar astronautas, mas não são ainda estes que terão o privilégio de pisar a Lua. Farão o mesmo percurso que a Artemis I – uma volta à Lua e o regresso a casa.
Será a tripulação da Artemis III que, em 2025 na melhor das hipóteses, voltará a pisar a Lua, 53 anos depois de o último homem ter lá estado, na missão Apollo VII.
Enquanto o programa Apollo apenas permitiu a viagem a homens e brancos, o programa Artemis quer dar a hipótese a mulheres e a pessoas de outra raça.
Dados da Missão Artemis I:
- Data de lançamento: 16-11-2022
- Duração da missão: 42 dias, 3 horas, 20 minutos
- Distância total percorrida: 2 milhões de quilómetros
- Velocidade de reentrada: 39 mil km/h (Mach 32)
- Splashdown (queda no oceano): 11-12-2022
Ilustres “passageiros” e experiências a bordo da Orion
A bordo da Orion seguirá um trio de manequins que irão ajudar a NASA a compreender qual a melhor forma de proteger os verdadeiros astronautas durante as futuras missões tripuladas.
O “comandante Moonikin Campos” estará ligado a sensores para fornecer dados sobre o que poderá afetar os membros da tripulação numa viagem à Lua. Dois sensores de radiação estão no seu fato espacial – Campos veste o Orion Crew Survival System de primeira geração, igual ao que os verdadeiros astronautas usarão durante o lançamento, a entrada e outras fases dinâmicas das missões. O assento também possui sensores para registar dados de aceleração e vibração.
Ao lado de Campos viajam dois bonecos europeus que fazem parte do projeto conjunto com a Alemanha e Israel Matroshka AstroRad Radiation Experiment (MARE): Helga e Zohar. Zohar usa um colete de proteção contra a radiação equipado com sensores para determinar o risco de radiação no caminho até à Lua, mas Helga não para se perceber as diferenças.
Pequenos satélites apanham boleia até à órbita da Lua
A bordo do SLS seguem dez CubeSat, pequenos satélites do tamanho de caixas de sapatos que serão lançados para o espaço durante a viajem. Pequenos em tamanho mas com enorme potencial para a ciência e exploração espaciais, observação da Terra e para as transmissões de comunicação.
A participação da Europa na missão à Lua
A ESA participa no programa Artemis com o módulo de serviço construído na Europa – European Service Module – que fornece energia e propulsão para a cápsula Orion e também fornecerá água e ar para os astronautas em futuras missões.
Outro projeto fundamental do programa Artemis é o Gateway – será um posto na órbita da Lua que vai fornecer um apoio vital no regresso de seres humanos à Lua. Desta casa temporária, os astronautas seguirão num módulo de aterragem para o polo sul da Lua.
Será também um importante ponto de partida para a exploração do espaço profundo e de uma futura ida a Marte.
Uma base na Lua para partir para Marte
O regresso à Lua é, por si só, uma conquista impressionante. Mas colocar astronautas na Lua pela primeira vez desde a última missão da Apolo, em 1972, tem um objetivo mais ambicioso: estabelecer uma presença humana permanente na Lua e na sua órbita, construindo uma infraestrutura que permita aos humanos ir ainda mais longe no sistema solar.
O programa Artemis é assim uma etapa para a ambição de longa data de chegar a Marte. No início deste ano, a NASA divulgou os seus objetivos “Da Lua a Marte” com os 50 pontos-chave para a exploração, transporte e infraestruturas na Lua e em Marte.
À procura de água na Lua
Dezenas de experiências robóticas serão enviadas para a Lua ainda antes dos seres humanos. Por vários locais serão espalhados pequenos robôs entre 2022 e 2025.
Exemplo disso será o Veículo de Exploração Polar para Investigação Volátil (VIPER) lançado em 2023 para pousar no polo sul da Lua e procurar água e outros recursos.
Será lançado a bordo de um foguetão Falcon Heavy da empresa privada SpaceX e o local previsto da alunagem será perto do lado ocidental da cratera Nobile, onde irá explorar a superfície numa área aproximada de 93 quilómetros quadrados.
O polo sul lunar é uma das regiões mais frias do Sistema Solar. Dados de missões anteriores levaram os cientistas a concluir que existe gelo nos polos da Lua.
VIPER vai recolher amostras de pelo menos três locais em áreas cuidadosamente selecionadas do polo Sul e analisará as características do gelo utilizando sensores e o berbequim que tem a bordo.
- Texto: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL