Uma nova espécie de nenúfar gigante foi identificada no Jardim Botânico de Kew, a sudoeste de Londres. É a primeira descoberta de um novo nenúfar gigante em mais de um século e agora detém também o recorde de maior do mundo. Esta nova espécie é considerada “uma das maravilhas botânicas do mundo”.
A planta foi batizada com nome Victoria Boliviana, em homenagem aos parceiros de pesquisa bolivianos. Este nenúfar pertence ao género Victoria, nome atribuído em homenagem à rainha Vitória em 1852. Já existem duas outras espécies do mesmo género – Victoria Cruziana e Victoria Amazonica – mas os cientistas confirmaram que a enorme planta em Kew pertence a um terceiro tipo. Quase 180 anos depois destas espécies terem sido trazidos pela primeira vez da Bolívia para o Reino Unido, um nenúfar gigante foi confirmado como uma espécie distinta.
A descoberta foi publicada na revista científica Frontiers in Plant Biology.
À VISTA DE TODOS HÁ 177 ANOS
A enorme planta estava em várias coleções aquáticas do Jardim Botânico de Kew, mas foi erradamente identificada como sendo uma já existente. Uma investigação científica revelou agora que esta é uma nova espécie. Com folhas que atingem mais de 3 metros de largura, é também classificado como o maior do mundo.
Esta nova espécie de nenúfar gigante agora identificada estava, assim, à vista de todos há 177 anos.
Carlos Magdalena, um dos maiores especialistas em nenúfares do mundo, disse à britânica BBC que há muito suspeitava que a planta era diferente das outras duas espécies gigantes já conhecidas, Victoria Amazonica e Victoria Cruziana.
JARDIM BOTÂNICO DE KEW, PATRIMÓNIO MUNDIAL DESDE 2003
Os cientistas saúdam a descoberta desta nova espécie, que ganha ainda mais relevância numa altura em que se verifica um ritmo acelerado de perda de biodiversidade.
Em declarações à revista News Scientist, Natalia Przelomska, do Jardim Botânico de Kew, explica que “perante uma rápida taxa de perda de biodiversidade” descrever novas espécies “é uma tarefa de importância fundamental”.
“Esperamos que nossa estrutura multidisciplinar possa inspirar outros investigadores que procuram outras abordagens para identificar novas espécies de forma rápida e robusta”, acrescentou.
“Ter esses novos dados para Victoria e identificar uma nova espécie no género é uma conquista incrível na botânica – identificar adequadamente e documentar a diversidade de plantas é crucial para protegê-la e se beneficiar dela de forma sustentável”, disse Alex Monro, líder da equipa sul-americana e autor de um artigo sobre a descoberta, citado pelo site brasileiro G7.
Victoria tem um lugar especial na história do Jardim Botânico de Kew, tendo sido uma das razões pelas quais o espaço não chegou a ser encerrado na década de 1830. Considerado património mundial pela UNESCO desde 2003, tem um dos maiores acervo de plantas do mundo, com mais de 27 mil espécies, entre elas 14 mil árvores.
- Texto: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL