Uma equipa de cientistas diz que pode ter encontrado uma nova forma de detetar sinais de extraterrestres. A nova teoria propõe usar as estrelas como “amplificadores de sinal” e o nosso Sol seria a torre de comunicação mais próxima da “rede de comunicação interestelar”.
A equipa constituída por estudantes de pós-graduação de um curso sobre a busca por inteligência extraterrestre (SETI) na Universidade norte-americana Penn State sugere que pode ser usado um fenómeno que já se conhece formulado por Einstein.
A teoria da relatividade geral de Einstein diz que a atração gravitacional de objetos celestes massivos (como supernovas ou buracos negros) dobra a luz. O espaço deformado em redor do objeto age como uma lente de um telescópio, focando e ampliando a luz – um efeito chamado lente gravitacional.
Segundo o novo estudo, os sinais de comunicações transmitidos na imensidão do espaço e a distâncias interestelares também podem ser ampliados através do mesmo fenómeno de lente gravitacional e, assim, poderemos até conseguir captar comunicações extraterrestres transmitidas em redor do Sol.
Segundo o estudo, o nosso Sol poderá atuar como uma torre de telecomunicações no espaço. Ou seja, usar a capacidade da estrela de focar e ampliar as comunicações que podem estar a ser transmitidas na vastidão do espaço interestelar e a passar perto do nosso sistema solar.
Uma vez que as comunicações através do espaço interestelar enfrentam uma série de problemas de transmissão, a teoria desta equipa é que seria preciso montar uma vasta redes de sondas ou retransmissores, semelhante às redes de telemóveis aqui na Terra.
“Os seres humanos usam redes para comunicarem entre si através de todo o mundo”, explica um dos alunos envolvidos no projeto, Nick Tusay, no comunicado. “Quando usamos um telemóvel, as ondas eletromagnéticas são transmitidas para a torre de telecomunicações mais próxima, que se liga à próxima torre e assim por diante”.
As sondas precisariam de ser instaladas em posições específicas perto de uma estrela para tirar proveito do efeito de lente gravitacional.
Assim, e a uma escala interestelar, as estrelas seriam usadas como “amplificadores de sinal” e o nosso Sol seria a torre de comunicação mais próxima da “rede de comunicação interestelar”.
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O que são ondas gravitacionais
As ondas gravitacionais são pequenas ondulações no tecido espaço-tempo, provocadas pela deslocação de um corpo com grande massa, e que se propagam no Universo à velocidade da luz.
O fenómeno acontece com uma supernova (explosão de uma estrela em fim de vida) ou com duas estrelas de grande massa muito próximas uma da outra, assim como com a colisão de buracos negros.
- Primeira deteção em setembro de 2015
A 2 de fevereiro de 2016, cientistas de várias nacionalidades anunciaram que ouviram as ondas gravitacionais produzidas pela colisão de dois buracos negros a 400 megaparsecs (1.3 mil milhões anos-luz) da Terra. A revista científica Nature reproduziu a comunicação.
As ondas gravitacionais tinham sido detetadas a 14 de setembro de 2015 pelos dois instrumentos do Observatório Ligo (Laser Interferometer Gravitational-wave Observatory), nos EUA. São dois aparelhos gigantes, cada um com 4 quilómetros de comprimento, separados por 3 mil quilómetros: um em Livingston, na Luisiana, nos sul do país, o outro em Hanford, no estado de Washington, no noroeste dos EUA.
Virgo está situado perto de Pisa, em Itália. Foi construído há 25 anos pelo Centro Nacional de Investigação Científica francês (CNRS) e pelo Instituto nacional de Física nuclear italiano (INFN).
- Distinção com o Prémio Nobel da Física 2017
A observação de ondas gravitacionais valeu a três astrofísicos norte-americanos o Nobel da Física desse ano.
Rainer Weiss, Barry C. Barish e Kip S. Thorne “pela contribuição para o detetor LIGO e pela observação das ondas gravitacionais, um avanço essencial na investigação que confirma a previsão de Albert Einstein na sua Teoria da Relatividade Geral” anunciou o Comité Nobel,.
O que são buracos negros
São corpos extremamente densos e escuros no centro das galáxias de onde nada escapa, nem mesmo a luz.
A deformação do espaço-tempo provocada por um buraco negro é descrita pela Teoria da Relatividade Geral de Einstein.
Exemplo do efeito lente gravitacional
Esta imagem extraordinária do telescópio espacial Hubble do aglomerado de galáxias Abell 2813 mostra o efeito de lente gravitacional. Entre os pequenos pontos, espirais e ovais que são as galáxias que pertencem ao aglomerado, existem várias formas distintas em crescente. Esses arcos curvos de luz são bons exemplos do fenómeno lente gravitacional – que ocorre quando a massa de um objeto faz com que a luz se curve. As formas em crescente e em S da luz nesta imagem não são galáxias curvas, mas sim a luz de galáxias que estão além de Abell 2813. O aglomerado de galáxias tem uma massa tão grande que atua como uma lente gravitacional, “dobrando” a luz das galáxias mais distantes.
- Texto: SIC Notícias, televisão parceira do POSTAL