Albufeira estreia na próxima terça-feira o ciclo “Obra Aberta”, que compreende um encontro por mês e terá por espaço a Biblioteca Municipal Lídia Jorge. A patrona, uma das maiores romancistas da actualidade, inicia o ciclo.
O encontro consta de uma entrevista e de várias intervenções de “seguidores” da obra de cada convidado, com o objectivo de relevar aspectos primordiais do seu percurso intelectual. Será feito de cada encontro um registo fílmico pelo vídeoartist Luís Nunes Alberto. Para cada escritor/pensador é convidado um fotógrafo da região.
No caso de Lídia Jorge, o fotógrafo é Filipe da Palma, cujo percurso é marcado pela procura de um Algarve já esquecido. De Lídia Jorge, diz Filipe da Palma que a vê “muito ligada a um Algarve que resiste ainda na memória, a um tempo em que cada qual fazia o seu próprio pão”.
Filipe da Palma, autor de várias exposições, individuais e colectivas, afirma que o que o move “é a procura de sinais ainda tangíveis no Algarve que diferenciam esta região do resto do país; aprecio por isso a arquitectura ainda existente e que as pessoas não dão importância, não reconhecem como património.”
No final das palavras, Filipe da Palma irá convidar Lídia a ser fotografada com um pão, “pois o pão é também alimento como os livros, é um alimento sinestésico, cheio de significados, sensações, e é também um modo de viagem. Irei também convidar Lídia Jorge a segurar as imagens de Artur Pastor, da mesma forma que Pastor segurou um Algarve que existe graças à potencialidade de perdurabilidade do papel, do suporte de uma expressão artística, enfim, do livro”.
Todos os encontros serão reproduzidos em livro
Quem também se debruça sobre a obra dramática de Lídia Jorge é Paulo Moreira, encenador da ACTA e com um longo e reflectido percurso nesta área. Paulo Moreira tem contactado de muito perto com os processos de encenação dos textos de Lídia Jorge, pelo que um dos textos a relevar será o “Instruções para voar”, recentemente levado à cena pela companhia algarvia. Também a escritora que durante anos esteve ligada ao ensino, Josefa Lima, tem acompanhado o percurso da obra de Lídia Jorge na vertente destinada à infância e partilhará as suas reflexões com o público.
O modo como o especialista em Política Internacional, Cristiano Cabrita, vê o olhar de Lídia Jorge sobre o tema, muito em especial no caso de Angola e Moçambique, será outra das intervenções. Com curadoria de Luísa Monteiro, que conduz a entrevista, o encontro terá momentos para música, imagem e debate.
No final de cada ciclo todos os encontros serão reproduzidos em livro. Neste primeiro ciclo a escolha recai sobre os escritores e pensadores que nasceram entre a II Guerra Mundial e os finais dos anos 50 do séc. XX. Entretanto, no próximo sábado, a Biblioteca assinala o aniversário de Lídia Jorge com uma exposição bibliográfica e com a oferta de um “separador inseparável” de livros, a ser autografado pela própria na terça-feira, dia 21.