O líder do Chega, André Ventura, prometeu ontem voltar em breve à rua, substituindo a “direita tradicional” no combate ao domínio da esquerda, contra os “políticos elitistas” e contra “as minorias que não querem fazer nada”.
André Ventura assumiu estas posições no final de uma manifestação do Chega, que durou cerca de uma hora, entre o Marquês de Pombal e o Terreiro do Paço, num discurso em criticou a “direita tradicional que tem medo de sair à sua” e em que citou por várias vezes o antigo primeiro-ministro e fundador do PPD, Francisco Sá Carneiro.
“O tempo do domínio da esquerda em Portugal, se não acabou, está a acabar. Por muitas ameaças que me façam, este movimento nacional já não vai parar, nem se vai vergar”, declarou o deputado do Chega logo a abrir o seu discurso.
Perante os seus apoiantes, André Ventura citou por várias vezes Sá Carneiro, designadamente quando recorreu ao lema “hoje somos muitos, amanhã seremos milhões”, mas também quando afirmou que, desde que morreu o antigo líder dos governos da Aliança Democrática (AD), “Portugal nunca mais teve um político que defendesse os portugueses”.
“Por muitos que nos queiram diminuir ou humilhar, nunca caminharemos sozinhos”, disse, já depois de ter criticado os presidentes do PSD, Rui Rio, e do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos.
“Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos demarcaram-se desta manifestação, mas os portugueses vão demarcar-se deles. Há sondagens que dizem que vamos ser o terceiro partido”, apontou.
Em relação ao PSD e ao CDS, André Ventura deixou mesmo um aviso: “Para essa direita que recusa sair à rua, que tem medo do confronto, digo, esse tempo acabou. Agora é tempo de lutar por este país, que está vergado e humilhado”.
A questão das “minorias” foi outro dos temas mencionados pelo deputado do Chega, dizendo que o seu partido “representa o povo comum, o povo português que trabalha, que paga impostos e que rejeita ser extremista”.
“Mas o povo comum rejeita sustentar minorias. Minorias que querem continuar a não fazer nada”, considerou, antes de elogiar em contraponto as polícias, os professores, os profissionais de saúde, os motoristas de transportes públicos e os empresários.
Na sua intervenção, o deputado do Chega deixou ainda críticas a jornalistas, dizendo que logo à noite “vão dizer que estavam poucas pessoas na manifestação e que havia um conjunto de pessoas falsas”.
“Vão dizer que é um conjunto de perfis falsos criados por mim antes de sair de casa e vão dizer que vieram do estrangeiro para aqui. Mas nós não somos como o PS”, afirmou André Ventura, antes de visar o Bloco de Esquerda – um momento que motivou logo uma prolongada vaia por parte dos seus apoiantes.
“Nós, Chega, não somos como o Bloco de Esquerda. Felizmente, esses estão a desaparecer e não vale a pena falar muito neles”, acrescentou.