O caso Joana Cipriano, que marcou o Algarve e o país em 2004, faz esta segunda-feira 20 anos sobre a prisão preventiva da mãe. No dia 23 de setembro de 2004, foi decretada a prisão preventiva de Leonor Cipriano, mãe da menina de oito anos desaparecida na Figueira, Portimão. Joana desapareceu em 12 de setembro, e as investigações rapidamente apontaram para um cenário trágico, envolvendo a própria família. Leonor e seu irmão João Cipriano foram condenados por homicídio, embora o corpo de Joana nunca tenha sido encontrado. O caso também gerou controvérsia devido a alegações de má conduta policial durante os interrogatórios.
Leonor Cipriano e seu irmão foram acusados de matar Joana após a criança ter supostamente testemunhado um ato de incesto entre os dois. A brutalidade do crime chocou a nação, e, mesmo anos depois, o mistério do paradeiro do corpo da menina permanece sem resposta, alimentando um dos mais dolorosos e mediáticos casos judiciais de Portugal.
O caso Joana ganhou comparações com o desaparecimento de Madeleine McCann em 2007, também no Algarve, dado o desaparecimento de ambas as crianças num raio de poucos quilómetros e em circunstâncias igualmente misteriosas.
Este caso é emblemático na história judicial portuguesa, não apenas pelo desaparecimento da criança, mas também pelas graves implicações em torno das investigações e procedimentos da Polícia Judiciária, incluindo processos subsequentes de alegações de tortura contra Leonor Cipriano.
Duas décadas de mistério sobre o paradeiro da criança desaparecida em Portimão
O caso Joana Cipriano continua a ser um dos mais marcantes e trágicos da história judicial portuguesa, especialmente pela sua brutalidade e contornos obscuros. Após o desaparecimento de Joana em setembro de 2004, a sua mãe, Leonor Cipriano, e o seu tio, João Cipriano, foram detidos e condenados pela morte da menina, apesar de o corpo nunca ter sido encontrado.
Durante os interrogatórios, Leonor e João confessaram ter matado Joana, alegando que foi um acidente após espancamentos. No entanto, as confissões, obtidas sob circunstâncias que mais tarde geraram grande controvérsia, acabariam por não resultar na localização do corpo, mesmo com as buscas realizadas nas zonas indicadas pelos acusados.
Em 2005, ambos foram condenados, com as penas finais fixadas em 16 anos e oito meses de prisão. O tribunal apontou a “perversidade” do crime, tendo concluído que a menina foi morta para ocultar um suposto ato de incesto entre Leonor e João. Contudo, outras versões surgiram ao longo do tempo, incluindo a possibilidade de que Joana tivesse sido morta após uma tentativa de venda frustrada.
Um dos elementos mais controversos do caso foi o relato de tortura sofrida por Leonor Cipriano durante os interrogatórios. A justiça comprovou que a mãe de Joana foi agredida nas instalações da Polícia Judiciária (PJ), mas nunca se identificaram os responsáveis pelos maus-tratos. Dois inspetores da PJ, incluindo Gonçalo Amaral (então coordenador da PJ de Portimão), foram condenados por falsificação de documentos ao terem alegado falsamente que Leonor caíra nas escadas, o que se provou ser incorreto.
Leonor Cipriano, que cumpriu grande parte da sua pena, foi libertada condicionalmente em 2019, mantendo a sua inocência até hoje e afirmando que só confessou o crime devido às agressões que sofreu.
A história do desaparecimento de Joana e o envolvimento da sua própria família no crime continuam a marcar o Algarve e Portugal, refletindo as falhas no sistema de justiça e o trauma vivido pela comunidade.
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