A Cáritas Diocesana do Algarve tem vindo a aumentar os apoios concedidos no serviço de atendimento em Faro para “números idênticos aos de maio e junho” de 2020, quando chegou a assistir 387 pessoas, disse hoje fonte da instituição.
Em declarações à Lusa, a diretora de Ação Social da instituição, Ana Pereira, afirmou que, se no passado os apoios cresciam na época baixa do turismo, a quebra na atividade económica e a demora na retoma estão a deixar pessoas que sempre se valeram por si dependentes de apoios alimentares ou financeiros para pagar rendas de casa, água, luz ou propinas.
“Desde março de 2020 até agora esta questão mudou completamente e houve uma procura muito maior de pessoas nos nossos registos. Posso dizer que em março de 2020 tínhamos de uma forma regular 237 pessoas que beneficiavam do nosso apoio e, no final do mês de maio de 2020, que foi quando sentimos o maior pico, tivemos 387 pessoas, ou seja, mais 157 pessoas, mais 63%”, quantificou.
Se “o pico maior foi alcançado de final de março ou início de abril até maio”, aquela responsável salientou que, “de junho a outubro, assistiu-se a um abrandamento nos novos pedidos de apoio”, numa tendência que “se deveu sobretudo à retoma no turismo”, muito influenciada pela procura interna, face às limitações no transporte aéreo que reduziram o turismo europeu.
“As coisas mantiveram-se mais ou menos dentro desses parâmetros até ao mês de novembro, altura em que voltámos a verificar um aumento de pessoas a pedir apoios, que foi agravado muitíssimo em janeiro deste ano, com o novo confinamento”, contrapôs.
A mesma fonte frisou que a subida “ainda não está quantificada”, embora tenha “voltado a aumentar para número idênticos aos de maio e junho” de 2020, e que os destinatários são, na sua maioria, “famílias que ficaram sem trabalho” ou com os “rendimentos reduzidos” por situações de ‘lay-off’, assistência à família ou encerramento das atividades onde trabalhavam.
Há, contudo, “uma grande diferença” comparativamente com o confinamento de março de 2020: o aumento de pedidos de apoio por pessoas de outras nacionalidades, sobretudo oriundos do Brasil, que trabalhavam no turismo algarvio, matizou.
Ana Pereira sublinhou que a Cáritas tem recebido pedidos de “imensas famílias de classe média que tinham a vida estruturada, que tinham recursos suficientes para fazer face às despesas e que neste momento não têm”, sentindo “dificuldades na alimentação, mas também muita dificuldade em manter as casas” devido ao elevado preço das rendas.
“Tentamos que alimentação não falte, que é aquela necessidade básica. Se não for por nós, encaminhamos para outras respostas da igreja ou civis”, referiu, salientando que os pedidos de apoio de fora do concelho de Faro são encaminhados para outras instituições mais próximas nos restantes 15 concelhos do distrito.
Os donativos continuam a ser a principal forma de apoio à instituição, que já tem em curso uma campanha denominada “Linha da frente para vencer a indiferença”, que recolhe “material escolar, alimentos e produtos de higiene” junto de catequistas numa ação “colega a colega”.
Ao abrigo desta campanha são distribuídos alimentos e feitas recolhas “vizinho a vizinho”, através das paróquias, sendo também prestado apoio a universitários para pagar “despesas de alimentação, habitação e propinas”, esclareceu.
A estes apoios juntam-se também donativos da Câmara de Faro, de juntas de freguesia ou de associações de residentes estrangeiros no Algarve.
Só com estas campanhas de donativos tem sido possível, com o esforço de todos, garantir o apoio a quem atravessa situações de dificuldade, agravadas pela pandemia de covid-19, concluiu.