Faro é a primeira autarquia a preparar-se para a abertura do gigante comercial IKEA em Loulé, junto ao Parque das Cidades, e Rogério Bacalhau quer um verdadeiro ‘compromisso com o comércio’ local, para garantir que o eucalipto comercial IKEA não seca a cidade.
Para isso a autarquia quer aprovar medidas de apoio ao comércio local no valor de 250 mil euros, para executar já este ano, e que se somam às verbas já alocadas a infra-estruturas associadas ao comércio pela Câmara.
Assim, além da segunda fase de instalação dos velames de sombreamento da baixa da cidade, do que a autarquia pretende investir em requalificação e reforço do mobiliário urbano – no âmbito da candidatura a fundos do Plano de Acção para a Regeneração Urbana (PARU) – e, ainda, da renovação da rede pública de iluminação do centro da cidade no quadro de investimentos em eficiência energética, a Câmara quer por em marcha três iniciativas.
A saber, na calha para entrarem no quadro de despesas da autarquia nesta área estão o regresso da iluminação de Natal, o fogo de artifício de Ano Novo, além de um programa de dinamização destas quadras festivas e o desenvolvimento de acções integradas de valorização do comércio tradicional.
Para tanto a autarquia quer pôr em marcha a criação do Conselho Consultivo para o Comércio da Baixa, unindo de uma só vez a ACRAL, a AHISA, a Associação do Comércio da Baixa de Faro e a própria Câmara, num esforço que o autarca diz “tem de ser conjunto”.
Paulo Santos ao comando das operações de dinamização da baixa
Aos comandos da operação está o vice-presidente da Câmara Paulo Santos que tem mantido contactos regulares com todos os actores do centro da cidade para preparar “o desafio que se colocará a Faro já no próximo ano e que é do conhecimento de todos”, referindo-se obviamente à abertura do IKEA e do pólo comercial associado ao gigante da indústria do mobiliário.
“Temos de encarar a situação como um desafio e vê-la como uma oportunidade, uma situação que atrai pessoas e queremos que essas pessoas venham a Faro e visitem a cidade, usufruindo do que Faro tem para oferecer”, diz Paulo Santos, que é claramente positivo ao afirmar que “Faro tem muito mais para oferecer que qualquer estrutura comercial seja ela qual for, com história, património, vida e qualidade que queremos valorizar”.
Horários alargados na baixa
Neste desafio o vereador aposta na conciliação com os comerciantes para que os horários de funcionamento do comércio local se estendam a fins-de-semana e a mais horas do dia, em particular no fecho dos estabelecimentos. O autarca fala mesmo de um passaporte que permitirá aos visitantes do comércio local somarem descontos e benefícios.
O POSTAL apurou que este passaporte “não é a mesma coisa” que o ‘cartão do munícipe’ que a autarquia tem estado a desenvolver com uma empresa da especialidade.
O vice-presidente quer mesmo Faro com “uma ‘Baixa Street Fest’, à sexta-feira, com o comércio tradicional a fechar às 23 horas”. Esta é uma medida a implementar se possível já este Verão.
Segundo Paulo Santos “o que não podemos ter é milhares de visitantes pela baixa ao longo do tempo com o comércio tradicional fechado aos fins-de-semana”, como se a procura não existisse.
Já há comerciantes a abrir os estabelecimentos na baixa ao fim-de-semana porque já perceberam que há procura e que têm trabalho”, reforça o vereador.
A Câmara quer mudanças e ritmo numa cidade que começa a acelerar no turismo e está a discutir as acções com os comerciantes, mas quem suportará a despesa de horários alargados, contratos de trabalho, impostos e demais custos deste serviço alargado será sempre o sector privado.
Se por um lado a baixa dá nota de mais dinamismo e sangue novo no comércio, não faltarão os velhos do Restelo que serão tendencialmente avessos a encargos e esforços adicionais, sem vislumbrarem os resultados a médio e longo prazo.
Um desafio para Paulo Santos e para a Câmara, tanto como para o comércio e para a cidade em geral, perante o gigante IKEA que mora já ao virar do primeiro semestre de 2017.