A presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO) alertou hoje para o aumento do número de pessoas que não usam óculos por falta de dinheiro ou nem sequer vão às consultas por saberem que não poderão comprar óculos.
Mara João Quadrado falava à Lusa a propósito de uma iniciativa que a SPO vai apoiar e que decorrerá quinta-feira, Dia Mundial da Visão.
Trata-se de um Banco de Óculos, promovido da associação de solidariedade ABO, que visa promover a recolha de óculos (armações e lentes) doados e a sua distribuição a pessoas carenciadas.
Para Maria João Quadrado, a iniciativa acontece numa altura em que se vive “uma necessidade premente” de óculos, da qual os oftalmologistas têm conhecimento nos seus consultórios, quando se apercebem que os doentes não compraram os óculos recomendados ou manifestam dificuldades em fazê-lo.
“Há muita gente que não compra os óculos, ou não vai ao médico porque receiam ter de comprar os óculos e não têm dinheiro”, disse.
Esta é uma situação que se tem vindo a agravar e que, segundo a presidente da SPO, se intensificou nos últimos cinco, seis anos.
“A situação é transversal às idades e à diferenciação económica. Algumas pessoas, que há cinco anos tinham algumas possibilidades, passaram de ter quase tudo para quase nada”, sublinhou.
O risco desta falta de diagnóstico e do devido uso de óculos é maior nas crianças que, sem correcção, podem ficar com defeitos permanentes na visão.
“Nas crianças, é gravíssimo não usarem óculos quando precisam. É fundamental, caso contrário pode haver defeitos permanentes”, sublinhou.
A falta de visão é ainda causa de outros acidentes, como quedas, e a nível psicológico, pois pode pôr em causa o convício social.
A presidente da SPA enaltece os propósitos do Banco de Óculos que poderá fazer chegar óculos aos mais carenciados.
O grande objectivo desta iniciativa é contribuir para o fim dos defeitos de refracção em Portugal, disse.
(Agência Lusa)