Os autocaravanistas que durante vários anos usaram o parque de estacionamento público de terra batida junto ao principal acesso à praia da Alagoa, em Altura, foram obrigados a retirar as viaturas e estão impedidos de regressar.
Denúncias de moradores e veraneantes dirigidas ao longo dos últimos anos à autarquia local levaram a Câmara de Castro Marim a tomar “medidas drásticas”, ou seja, a limitar as duas entradas do parque a veículos com altura máxima de 2,5 metros, para “impedir o acesso das autocaravanas”, disse Francisco Amaral, presidente da autarquia.
Uma acção que o proprietário de uma autocaravana presenciou, no passado dia 11, quando a GNR se deslocou por duas vezes ao local para informar os proprietários dos veículos que teriam de abandonar o parque até às 20 horas daquele dia, sob pena de serem autuados, contou ao POSTAL fonte que preferiu o anonimato.
Tudo isto não passa de “um acto de vingança” de ocupantes de vivendas vizinhas, acredita o proprietário, por denúncias dos próprios autocaravanistas por alegados despejos de água das piscinas directamente para o parque. “Por várias vezes chamámos a GNR, que nunca chegou a aparecer no local”, refere. Uma semana antes já os autocaravanistas tinham sido notificados “para não abrirem as portas nem as janelas”, enquanto ali permanecessem.
Este foi o recurso que a autarquia usou para desmobilizar as autocaravanas do terreno que é propriedade do município, depois da implementação de placas que indicam zona de estacionamento e paragem proibida a autocaravanas, que “ninguém respeitava”, diz Francisco Amaral.
O POSTAL sabe que, às entidades locais e à autarquia castromarinense, chegaram denúncias de usurpação de água destinada aos lava-pés de apoio de praia, de despejos de resíduos fecais das sanitas para a via pública, da ocupação da via com colchões para pernoitar, e da realização de fogueiras em locais proibidos, entre outras diligências.
O autarca frisou que o que se assistia diariamente naquele parque era “autocaravanismo selvagem, que polui e não respeita as mínimas condições de higiene”, adiantando que a situação “não dignificava aquela zona nobre junto à praia da Alagoa”.
Por sua vez, Nélia Mateus, presidente da Junta de Freguesia de Altura, via as autocaravanas naquele espaço como “uma estadia clandestina, sem condições higio-sanitárias nenhumas” e causadoras de “muitos problemas nas urbanizações próximas”.
Panorama pode ser diferente no próximo Verão
A Câmara de Castro Marim tem em mãos um projecto concluído para a construção de um parque exclusivo para o autocaravanismo, com capacidade para cerca de 60 lugares. A construção do projecto que o presidente da autarquia considera ser “a solução para o problema” vai avançar para obra “provavelmente este ano” na zona poente de Altura, junto ao Ribeiro do Álamo, numa zona próxima e com acesso à área balnear e ao centro da localidade.
O parque, que constitui um investimento na ordem dos 200 mil euros, estará, segundo o autarca, pronto a utilizar em 2017. “Acredito que o parqueamento das autocaravanas vai ser disciplinado e vai acabar o autocaravanismo selvagem nos próximos tempos em Altura”, afirma.
O projecto contempla a criação de uma plataforma dotada de infra-estruturas de apoio, como recepção, estação de serviço, sanitários, abastecimento de água potável, sistema de esgotos e drenagem de águas pluviais, e ainda pontos de estadia e lazer.
Para além do projecto municipal, Francisco Amaral adiantou ainda que há empresas privadas a fazerem projectos com o mesmo âmbito, a concretizar junto ao campo de futebol.
(Com Ricardo Claro)