A Associação Portuguesa de Imprensa está a desenvolver um programa de Literacia Mediática contra a manipulação jornalística e a desinformação. Um dos eixos do programa é incutir nos jovens, entre os 12 e os 25 anos, e nos seniores um pensamento crítico.
O POSTAL esteve presente numa dessas atividades, no passado dia 28 de fevereiro, na Escola Secundária de Loulé, numa ação de formação para professores de Português.
João Palmeiro, presidente da Associação Portuguesa de Imprensa, esteve à conversa com o POSTAL e explicou ao nosso jornal os eixos estruturantes do programa.
“O Media Veritas é um projeto fundamentalmente de luta contra a iliteracia mediática, a desinformação e a manipulação. São três coisas diferentes e há o resultado de um estudo que a Reuters faz regularmente desde 2013, que mostra que os portugueses distinguem perfeitamente estas áreas/abordagens possíveis da informação noticiosa”, começou por referir.
Portugueses preocupam-se com a imperfeição das notícias
O presidente da Associação Portuguesa de Imprensa afirmou que aquilo que mais preocupa os portugueses é a imperfeição das notícias. “Foi muito importante termos tido a oportunidade de vir aqui a esta escola em Loulé, neste grupo de professores de Português, porque os portugueses são muito sensíveis quanto a este aspeto”, destaca.
“Um dos principais objetivos do programa é desenvolver a análise crítica, no fundo, desenvolver uma visão crítica. E não digo crítica no sentido de criticar, mas sim de perceber que nós temos o direito, primeiro, e a obrigação, depois, de nos questionarmos em relação às coisas que achamos que têm alguma possibilidade de não corresponderem à realidade”, explicou.
João Palmeiro salientou que o projeto “tem como principal objetivo chamar a atenção disto para os seniores, depois para jovens e finalmente para jornalistas, professores e também para os cuidadores dos seniores”.
“Em relação aos seniores, as três principais áreas de preocupação são a saúde, a nutrição e a área financeira”, complementou.
João Lameiro afirmou que o projeto tem várias ações distintas: “temos as ações que chamamos de Universidade Media Veritas, que é levar a universidades seniores ou universidades mais jovens este projeto, com a possibilidade deles contactarem com estas ferramentas, através das plataformas em que desenvolvemos conteúdos e a partir das recomendações da UNESCO, que fez o ano passado uma série de recomendações didáticas de como é que se devia tratar a relação de ensino ou de chamada da atenção para esta matéria”.
“A partir daí temos os embaixadores Media Veritas, que é a possibilidade de as pessoas organizarem qualquer coisa como, por exemplo, uma tertúlia num café, um jantar de amigos em que convidem alguém para falar do projeto”, explica.
“Nós pagaremos a deslocação e o jantar da pessoa que vai lá falar e se a pessoa exigir que se lhe pague alguma coisa para ela lá ir, nós pagamos”, elucida.
João Lameiro é peremptório: “esta matéria é tão de todos, que não tem um modelo”. “
É livre, mas tem de chamar as consciências das pessoas. Os jornais também têm de ajudar a chamar. Temos um modelo de uma coluna no jornal que estamos a propor a todos os jornais, regionais, nacionais, muito semelhantes àquilo que um projeto paralelo a este, que não tem como objetivo a iliteracia, mas sim o desenvolvimento de competências digitais que se chama Muda num Minuto, já está a fazer. Nós queremos ter também nesse mesmo modelo de uma coluna assuntos sobre as questões da iliteracia mediática”, salienta.