‘Deus’ é um termo utilizado para falar sobre António Costa pelo arguidos Afonso Salema, CEO da Start Campu, e por Diogo Lacerda Machado, empresário e amigo de António Costa. As menções a António Costa usando ‘Deus’ foram reveladas nas centenas de escutas telefónicas que estão juntas aos autos e que os advogados demoraram cerca de seis a horas a ouvir esta quinta-feira, avança o Correio da Manhã.
Segundo a mesma fonte, “o CEO da empresa falava ao telefone com outro quadro da empresa, o advogado Rui Neves, e dizia-lhe que ia levar consigo, a uma reunião em Sines, Diogo Lacerda Machado, precisamente porque era fundamental dar um sinal da importância do projeto. ‘Pôr a mão de Deus em cima deles, porque a atitude deles não pode ser assim’, referia Afonso Salema, dizendo depois que ia ‘puxar as orelhas’ ao Nuno”.
O nome Nuno é referente a Nuno Mascarenhas, presidente da Câmara de Sines, que, segundo o CM, “tinha de perceber que se fosse preciso Salema ainda tinha Vítor Escária a quem recorrer. ‘O Escária percebe mais de lei de urbanismo em Portugal do que qualquer professor’, afirmava, garantindo que ia dizer isso ao autarca. Na mesma conversa, quase como uma preparação do discurso, Salema prometia subir o tom das ameaças. Até porque, assegurava o gestor, seria em limite ‘António Costa a encontrar uma solução'”.
O CM afirma ainda que Lacerda Machado tinha uma proximidade tão grande com António Costa que também “dizia que ia falar com Deus”.
A mesma fonte refere também não saber se Costa “conhecia a designação que lhe era atribuída pelos amigos, porque as escutas referentes ao primeiro-ministro demissionário transitaram para um processo no Supremo Tribunal de Justiça”.
As escutas telefónicas emergem como uma das principais provas contra os arguidos, apresentando conversas que ainda não foram transcritas para o processo principal.
O despacho de indiciação, com mais de cem páginas, cita conversas dos principais suspeitos, incluindo Galamba, que frequentemente invocava o nome de Costa para resolver questões. Vítor Escária alega ter uma explicação para o dinheiro encontrado em sua casa, enquanto o Ministério Público (MP) assegura que o dinheiro é proveniente de atividade criminosa, nomeadamente corrupção.
Galamba participou num jantar com o CEO da Start Campus, Afonso Salema, num restaurante de luxo em Lisboa, com a refeição a ser suportada pela empresa e a custar 1301 euros.
Os arguidos permaneceram próximos dos seus advogados para tentarem enquadrar as mesmas conversações, proporcionando explicações que serão apresentadas ao juiz de instrução criminal nos próximos dias. Até agora, apenas Nuno Mascarenhas começou a ser ouvido em tribunal, com outros quatro arguidos ainda por depor.
Leia também: Saiba as diferenças entre ATM e Multibanco e evite comissões desnecessárias