A presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Cristina Siza Vieira, disse hoje que o anúncio da disponibilização das vacinas contra a covid-19 não fez aumentar o número de reservas, ao contrário do esperado.
“Pensávamos que o anúncio das vacinas tivesse feito ‘bulir’ o medidor das reservas, mas não foi assim. […] Não houve impacto relativamente ao anúncio da vacina nas reservas, as pessoas não se entusiasmaram ainda muito”, afirmou a responsável, durante a apresentação aos jornalistas do balanço de 2020 e das perspetivas da hotelaria para 2021.
De acordo com os dados recolhidos pela AHP junto dos seus associados, em termos nacionais, quase 80% dos inquiridos disseram que não tinham sentido impacto do anúncio da disponibilização das vacinas no medidor de reservas.
Apesar de se sentir algum movimento nas reservas, elas são, disse, “de uma timidez confrangedora”, mesmo para o verão, altura para o qual apenas cerca de 25% dos inquiridos disse ter já reservas.
“Temos aqui um trabalho enorme pela frente, que é perceber o que é que falta para consolidar estas reservas e reparem o risco que isto é: são reservas também reembolsáveis”, sublinhou a responsável.
Os dados mais recentes, indicam que, a nível nacional, em janeiro e fevereiro havia 64% de estabelecimentos hoteleiros encerrados, sobretudo no Algarve (o que já era habitual nestes meses, devido à sazonalidade), Açores, Norte e Lisboa.
“Vai ser um ano muito difícil, as tendências são de viagens domésticas e regionais, no limite”, acrescentou.
Para 2021, “não há muito entusiasmo” por parte dos hoteleiros, relativamente às taxas de cancelamento, mas espera-se que a taxa de ocupação vá melhorando ao longo do ano, sobretudo nos terceiro e quarto trimestres, acompanhada de maior otimismo em relação à receita total para o ano de 2021.
No entanto, 24% dos inquiridos apontou 2024 como o ano da retoma a níveis de 2019.
A presidente executiva da AHP destacou, ainda, os maiores desafios e incógnitas para este ano, tais como o reembolso de apoios e empréstimos, o aumento das reservas reembolsáveis, a redução de recursos humanos, a retoma da atividade aérea e os certificados de vacinação.
O inquérito foi realizado entre 04 e 28 de fevereiro, pelo Gabinete de Estudos e Estatística da AHP, junto dos empreendimentos turísticos associados e aderentes ao AHP Tourism Monitors, de todas as regiões do país.