O Festival Arte Larga trouxe à cidade cubista dezenas de eventos nas mais diversas áreas e nomes sonantes da cultura. No próximo domingo, data do encerramento do festival, António Laginha, vai lançar a sua mais recente obra, Os Ballets Russes em Portugal, pelas 18:00.
Trata-se de um trabalho académico sobre a passagem pelo nosso país, entre dezembro de 1917 e março de 1918, da companhia de dança mais famosa do século XX. Para além dos aspetos históricos propriamente ditos, o autor relata toda uma odisseia que se balizou entre a inqueitação e o desespero, tendo o grupo, no final da Primeira Guerra Mundial, quase se extinguido após a sua passagem por terras lusas.
Além de fotos da época, António Laginha também incluiu no seu livro alguns desenhos da autoria de um ilustrador algarvio expressamente realizados para um dos seus livros infanto-juvenis intitulado “O fantasma do Circo Maravilhas”.
“Nos finais da primeira década do século XX – época de muitas “revoluções” e em que se impuseram algumas vanguardas artísticas – Paris exibia triunfalmente uma luxuosa (e, para muitos, exótica) importação: os Ballets Russes. Em pouco tempo as notícias e a fama da companhia dirigida por Serge Diaguilev revolucionou o ver, o sentir e, até, o pensar a Dança, recuperando-a como uma arte maior e autónoma que foi chegando a quase todo o Mundo.
Os Ballets Russes, depois de uma paragem (turística) em Lisboa e no Funchal, em 1913 numa viagem de barco, regressaram para dançar a 2 de Dezembro do ano de 1917. Diaguilev e a companhia deslocaram-se para a capital portuguesa num comboio vindo de Madrid – depois de sete actuações no Teatro Real – tendo partido de regresso a Espanha, para a cidade de Valladolid, também no mesmo Sud Express, a 28 de Março de 1918.
Perto de quatro meses durou a “aventura portuguesa” dos Ballets Russes, fortemente marcada pelo fracasso, pela inquietação e pelo desânimo, tendo a companhia quase colapsado em Portugal. Uma odisseia que, estranhamente, está ausente de quase todos os livros de História Universal da Dança.
Ainda assim a influência da companhia fez-se sentir, de imediato, em alguns trabalhos de Almada Negreiros, um espírito inquieto, entusiástico e, sobretudo, inovador; e no trabalho do bailarino e coreógrafo Francis Graça que (só em 1940) viria a dar corpo ao Grupo de Bailados Portugueses Verde Gaio, o primeiro grupo profissional de dança no século XX em Portugal.
Porém, o reportório directamente associado à companhia de Diaguilev só foi interpretado pela primeira vez por artistas lusos em 1947, pela mão de Margarida de Abreu, prosseguindo, em 1961, no Ballet Gulbenkian. Essa ligação ao passado fez-se através da obra-prima de Fokine, As Sílfides, dançada no primeiro espectáculo dos Ballets Russes em Lisboa, a 13 de Dezembro de 1917.
A rocambolesca história dos Ballets Russes de Serge de Diaghilev em Portugal estava por contar”, pode ler-se na contracapa do livro.
A programação do Festival Arte Larga está disponível aqui.
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