O Município de Faro, a Diocese do Algarve e a Universidade do Algarve (UAlg) assinaram no passado dia 11 de dezembro, o protocolo de colaboração interinstitucional para criação do Núcleo Museológico da antiga Tipografia União.
O documento foi assinado na sala de arte antiga do Museu Municipal de Faro na presença de Rogério Bacalhau, presidente da Câmara Municipal, Paulo Águas, reitor da UAlg, D. Manuel Neto Quintas, Bispo do Algarve e do vigário-geral da Diocese, César Chantre.
O primeiro passo deste projeto, consagrado neste protocolo, passa pela realização de um estudo por parte de uma equipa multidisciplinar da UAlg coordenada pela professora Alexandra Gonçalves, que conduzirá à criação de um espaço museológico da antiga Tipografia União, que funcionou de 1909 a 2013 e foi criada para que pudesse ser impresso, a partir de 1910, o Boletim do Algarve – publicação que deu depois lugar à Folha de Domingo, que ainda hoje existe.
Além da coordenadora da equipa, fazem ainda parte da mesma a investigadora Patrícia Jesus Palma, coordenadora científica do projeto da Hemeroteca Digital do Algarve, Mauro Figueiredo, professor da área da computação, e Bruno Silva, da área dos media e arte digital.
Equipa responsável pelo estudo vai fazer a inventariação do espólio
A equipa responsável pelo estudo vai fazer a inventariação do espólio da antiga tipografia, que chegou a ser responsável pela impressão de quase todos os periódicos editados na região até à primeira metade do século XX, procedendo ainda ao levantamento de testemunhos em torno do espaço e o estudo documental de todo o material que existe em torno da imprensa escrita da história da tipografia e da cultura impressa em Faro e da região do Algarve.
Recorde-se que foi na cidade de Faro que foi impresso o primeiro livro em Portugal: o Pentateuco, por Samuel Gacon, em 1487.
O objetivo final do estudo, que vai decorrer ao longo do próximo ano, é “conseguir estabelecer um rumo e uma proposta de uma atração cultural e novo pilar de criação de conhecimento na região”, revelou a coordenadora da equipa responsável, Alexandra Gonçalves, à margem da assinatura do protocolo. “Vamos tentar tornar esta proposta o mais inclusiva possível e multissensorial, ao encontro das novas tendências da museologia e com maior interatividade”, acrescentou. Para o efeito, deverão ser efetuadas visitas a vários espaços museológicos na área da imprensa, em Portugal e no estrangeiro.
O cónego César Chantre, vigário geral da Diocese do Algarve, enalteceu o empenho do Município e da UAlg para não deixar cair um projeto com um significado muito forte – cuja intenção foi anunciada em 2017 pelo bispo do Algarve, D. Manuel Quintas Neto – e que vai permitir enriquecer ainda mais o núcleo histórico da cidade, onde se situam também a Sé Catedral e o Paço Episcopal. Também Paulo Águas, reitor da UAlg, destacou o papel fundamental que o futuro museu poderá ter na zona da “Vila Adentro de Faro como cidadela da cultura e do conhecimento” e como um núcleo cultural ainda desconhecido de muitos.
Reitor da UAlg destacou o papel fundamental do futuro museu
Para o efeito, reforçou o papel da Universidade que, através de uma equipa multidisciplinar, pretende ir mais longe e “promover uma proposta inclusiva, intergeracional, multisensorial e um ponto de encontro entre a cultura da imprensa escrita e as religiões que possa responder aos desafios globais”.
Já o presidente da Câmara de Faro, Rogério Bacalhau, congratulou-se com a assinatura de um protocolo que “há vários anos vinha a ser pensado” e que pretende pegar na história daquela que era a grande tipografia da cidade de Faro e devolvê-la aos tempos atuais. “Há um espólio físico muito valioso mas também humano de todas as histórias que por ali passaram, e o que esta equipa da UAlg vai fazer é construir um modelo de núcleo museológico para o fazer, para contar estas histórias”, explicou o autarca, deixando ainda um agradecimento às duas instituições com quem o Município celebrou este protocolo, acrescentando que “a lógica de parceria é uma lógica fundamental para o nosso projeto cultural e, em particular, no âmbito da candidatura de Faro e da região a Capital Europeia da Cultura em 2027”.
“Desde o primeiro momento que a Diocese do Algarve manifestou recetividade e fomentou este projeto e a Igreja tem um papel importantíssimo não só no aspeto espiritual mas também relativamente ao património do concelho, que está impecavelmente bem preservado”, referiu, acrescentando o papel decisivo da UAlg – que comemorou o seu aniversário esta sexta-feira – e “é certamente a instituição que mais contribuiu para o desenvolvimento da região”.