O calor, a humidade, a saúde e a insegurança são os principais problemas que a marchadora Ana Cabecinha reconheceu ter de superar nos Jogos do Rio de Janeiro 2016 para melhorar os oitavo e nono lugares alcançados em Pequim 2008 e Londres 2012.
A atleta algarvia falou com a Lusa sobre a sua terceira participação em Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro e admitiu serem estes os factores que a preocupam para a sua prestação na prova de 20 quilómetros marcha, mas apontou a segurança como aquele que mais a vai condicionar, sobretudo quando começar a treinar em terras brasileiras.
Ana Cabecinha também comentou o afastamento do atletismo russo dos Jogos Olímpicos, lembrando que o 9.º posto obtido em Londres já passou a um 8.º por via da desqualificação de uma atleta russa e que serão três as marchadoras desse país que vão estar impedidas de competir no Rio de Janeiro.
“As minhas ambições são as maiores, são os meus terceiros Jogos, tenho estado a treinar bem, com outra mentalidade este ano, e então espero continuar a sonhar com um bom resultado nos Jogos”, disse Ana Cabecinha, precisando que tem a “ambição de melhorar o oitavo e o nono dos outros Jogos” e mantém o “sonho de chegar o mais à frente possível”.
Ana Cabecinha espera não assistir a mais casos de doping
A atleta do Clube Oriental de Pechão pensa que o afastamento do atletismo da Rússia dos Jogos do Rio “pode favorecer” todas as atletas na prova de 20 quilómetros marcha, porque “só aí estão três russas” e “são três lugares que se pode chegar à frente”.
“Eu acho justo, porque se estão com doping é justo elas serem desqualificadas. Eu beneficiei com isso em Londres, já sou oitava, e espero que se faça justiça”, considerou, admitindo que “já se falava muito” e “há algum tempo no mundo da marcha que era impossível as russas andarem a fazer estas marcas só com treino”.
Ana Cabecinha espera não assistir a mais casos de doping e que todos os atletas que participem “estejam limpos” para competir numa prova cujo traçado ainda não conhece e “já foi alterado por duas vezes”, mas que será “um percurso sempre ao sol, ao pé do mar”, com “muito calor e humidade”.
“Vou ter que treinar com essas condições e ambientar-me a isso para depois chegar lá e não ter uma surpresa”, acrescentou, adiantando que vai para Madrid e depois para França para fazer treino em altitude, que “favorece” quer os índices físicos quer de hemoglobina no sangue e tem permitido “melhorar os resultados de ano para ano”.
Se a questão da saúde e do vírus Zika “já preocupou mais”, mas faz ter “cuidado com repelentes, com blusas”, a segurança é o problema que mais preocupa Ana Cabecinha, condicionando a sua preparação no Rio de Janeiro e obrigando a “treinar só na aldeia olímpica e sempre acompanhada”.
“Claro, era bom treinarmos noutros percursos, que o Rio certamente tem, mas com o que se fala da criminalidade e toda essa parte dos roubos e das pessoas que estão contra os Jogos do Rio, nós como atletas temos que ter esse cuidado, evitarmos andar sozinhos para que não hajam incidentes. É só esse o meu medo, que que não hajam incidentes para que venhamos bem para Portugal”, afirmou.
(Agência Lusa)