A algarvia Sónia Brito, mentora da SR Berry, um projeto que nasceu em Lagoa e que tem como objetivo alargar a capacidade de produção de diospiros, conquistou o primeiro prémio da 1ª Edição do Programa TalentA, uma iniciativa pioneira que tem como objetivo capacitar com formação e financiamento as empreendedoras rurais.
O programa, lançado pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e pela Corteva Agriscience, empresa de referência no setor agrícola em tecnologia de sementes sob a marca comercial Pioneer®, proteção de culturas e agricultura digital, contou com mais de 90 inscrições, das quais foram eleitos três projetos, que resultaram numa vencedora e duas finalistas.
O júri, composto por representantes especializados de ambas as entidades, avaliou diferentes critérios que vão desde a inovação, o combate à desertificação, o impacto e a sustentabilidade dos projetos inscritos, o empoderamento económico até à possibilidade de réplica de negócio.
Sónia é Licenciada em Engenharia Civil e investiu na agricultura, aproveitando terrenos de herança e as excecionais condições climáticas da região do Algarve para desenvolver a produção de pequenos frutos vermelhos destinados à exportação.
Neste momento produz amoras, framboesas e dióspiros. O objetivo é aumentar a capacidade de produção de dióspiros para responder à procura de mercado. A tecnologia utilizada pela SR Berry na exploração é a hidroponia – cultura sem solo. O substrato orgânico é composto por várias substâncias 100% naturais. A fruta produzida na SR Berry é 100% natural e é certificada pela Global GAP e GRASP.
Por outro lado, a jovem empreendedora Gilda Preto, de 28 anos, recebeu um dos dois prémios de finalista, pelo seu projeto para montar um laboratório de Biotecnologia para a propagação de plantas in vitro e uma estufa com sistema de rega automatizado, em Malhadas, Miranda do Douro.
Gilda é licenciada e mestre em Engenharia Biotecnológica, pelo Instituto Politécnico de Bragança. O projeto finalista consiste na aposta em propagação de plantas in vitro usando técnicas de cultura de tecidos vegetais. Estas técnicas permitem obter um elevado número de plântulas, na propagação de espécies de difícil reprodução, espécies em vias de extinção ou quando se pretende obter plântulas de com qualidade genética. O objetivo de Gilda é ao fim de 5 anos ter um total de vendas na ordem de 250.000 plantas por ano.
E, finalmente, Aline Domingues obteve mais um dos prémios de finalista pelo seu projeto de vinhos “Menina d´uva”, que recupera vinhas velhas que têm entre 30 e 65 anos, localizadas na região de Vimioso, para produção de vinho biológico.
Aline é licenciada em Biologia molecular e trabalhou em vários laboratórios de investigação, na área da genética da levedura. Fez um ano de formação em Bourgogne onde obteve o diploma de engenharia nos processos de fermentação do vinho, cerveja e do queijo. Viajou pela Bélgica e Grécia para tirar cursos de cerveja e queijo. Despertou, entretanto, o interesse no vinho saudável (natural) e em 2017 instalou-se na Aldeia de Uva onde iniciou o projeto de vinhos Menina d’Uva, produzidos de forma artesanal e em vinhas velhas recuperadas. O vinho Menina d’Uva é proveniente de agricultura biológica e a viticultora pretende a médio prazo adquirir mais terrenos e aumentar a produção, de forma a produzir mais de 10.0000 garrafas/ano.
Clara Serrano, líder Corteva Agriscience do Sul da Europa, destacou a importância de apoiar e formar as mulheres rurais para o desenvolvimento do mundo rural: “as mulheres continuam a encontrar barreiras no sector agrícola. Na Corteva, sabemos que o contributo das mulheres é fundamental para garantir a sobrevivência da cadeia agrícola e pecuária e acreditamos que a formação e o apoio financeiro são a chave de sucesso para a implementação de qualquer projeto. Estamos bastante satisfeitos com os resultados da 1ª edição deste programa em Portugal, cujo número de candidaturas superou as nossas expectativas, e até mesmo o número de candidaturas em Espanha. A nossa missão é continuar a apoiar as mulheres rurais neste processo para que tenham o impulso necessário para que os seus projetos se consolidem.”.
Por sua vez, Luís Mira, secretário-geral da CAP destacou que: “o programa TalentA veio dar a conhecer o imenso esforço das mulheres no investimento e na melhoria tecnológica no sector agrícola. As vencedoras representam uma nova vaga de mulheres agricultoras com formação superior e que desenvolvem projetos inovadores, com grande incorporação de tecnologia e conhecimento. É este o caminho para a rentabilidade económica, a sustentabilidade ambiental e todos os desafios que a Europa enfrenta no pacto ecológico europeu”
As três vencedoras vão ter acesso a um programa de formação (e-commerce, redes sociais, plano de negócios, técnicas comerciais, etc.) promovido pela CAP para dotar os projetos de mais ferramentas de trabalho e métricas de sucesso e a vencedora do primeiro prémio irá receber ainda um apoio financeiro de 5.000 euros para a implementação do seu projeto.
Hoje também vão ser anunciadas em Espanha as 3 vencedoras da 2ª Edição do Programa TalentA, que contou nesta ronda com 80 inscrições de mulheres empreendedoras e o programa estende-se também a outros países como Ucrânia, Roménia ou Rússia.
Em 2020 o programa TalentA foi reconhecido como um exemplo de boas práticas pelo Parlamento Europeu e pelo comitê de mulheres da COPA-COGECA.