A Associação Oncológica do Algarve (AOA), em parceria com a Associação Espanhola Contra o Cancro – AECC de Huelva, vai implementar o Centro de Apoio ao Doente Oncológico no Algarve.
O projeto foi aprovado recentemente e vai ter um financiamento europeu de um milhão de euros (400 mil para a Associação Oncológica do Algarve e 600 mil para a Associação Espanhola Contra o Cancro).
O novo espaço vai nascer no Largo das Mouras Velhas, número 17, em Faro, mais precisamente nas antigas instalações da Associação Oncológica do Algarve.
O Centro de Apoio ao Doente Oncológico vai ter vários serviços
O Centro de Apoio ao Doente Oncológico vai contemplar vários serviços, entre eles, serviços de fisioterapia, onde vão ser proporcionadas drenagens linfáticas aos doentes com linfedema (condição caraterizada por um inchaço das partes moles debaixo da pele).
Vão existir também serviços de terapia da fala e enfermagem para doentes que tenham sido submetidos a intervenções à garganta e para doentes ostomizados que necessitem de acompanhamento e material gratuito.
De relembrar que os doentes ostomizados são aqueles que passaram por uma intervenção cirúrgica para fazer no corpo uma abertura ou caminho alternativo de comunicação com o meio exterior, para a saída de fezes ou urina, assim como auxiliar na respiração ou na alimentação.
Lurdes Santos Pereira, presidente da Associação Oncológica do Algarve, afirmou ao POSTAL que “estão a ser feitas obras neste espaço no sentido de adequá-lo a estas finalidades”.
“Vamos restaurar alguns aspetos, nomeadamente casas de banho que vão ser adequadas para pessoas com dificuldades de movimentação, que usem cadeiras de rodas, por exemplo”, complementou.
A responsável salienta que “queremos ter um espaço com qualidade e com as condições necessárias para prestar apoio ao doente oncológico”.
As obras começaram em agosto e existem previsões de que o espaço abra já no mês de outubro.
O espaço está a sofrer remodelações
Lurdes Santos Pereira confidenciou ao POSTAL que “por vezes, como todos bem sabemos, os hospitais andam em crise, quer em termos de enfermagem, quer em termos de pessoal técnico especializado, pelo que existe a necessidade de um local que dê apoio às pessoas que necessitam”.
“A Associação tem as portas abertas, de forma gratuita, para ajudar os doentes”, garantiu a responsável.
A Associação Oncológica do Algarve foi fundada em 1994 e conta atuamente com 6.000 sócios.
Lurdes Santos Pereira afirma que “a saúde é um bem precioso e a Associação Oncológica tem tido um papel ativo nesta área”.
A Associação Oncológica do Algarve disponibiliza atualmente aos seus associados oncológicos e familiares consultas de Psico-Oncologia, organiza grupos terapêuticos mediante pré-inscrições em Faro, Tavira, Loulé e Portimão e realiza sessões de informação, sensibilização e esclarecimento à comunidade em vários locais da região.
A AOA proporciona ainda próteses capilares e mamárias, soutiens e fatos de banho ergonómicos a preço de custo e proporciona diversa informação a doentes oncológicos sobre os cuidados a ter com a pele, maquilhagem, cabelo e aprendizagem de ferramentas para aplicação no dia-a-dia.
A associação tem estado, desde sempre, bastante associada à problemática do cancro da mama, disponibilizando quatro médicos especialistas em mamografias e oito técnicas também especialistas nesta área que dão cobertura ao Programa de Rastreio do Cancro da Mama, em parceria com a Administração Regional de Saúde.
A AOA utiliza ainda uma unidade móvel para rastreio do cancro da mama, recentemente dotada de uma atualização da mais recente tecnologia, com exames a 3D, mais rápidos e com menor emissão de radiações.
O tratamento do cancro evoluiu muitos nos últimos anos
Lurdes Santos Pereira salienta que “o tratamento do cancro evoluiu muito nos últimos anos, sendo que o apoio familiar é absolutamente fulcral no processo de cura”.
“Todas as outras necessidades vêm por acréscimo e de acordo com o tipo de cancro e apoio adequado. A Associação Oncológica do Algarve, que é uma IPSS, faz os possíveis e os impossíveis para manter e aumentar o apoio ao doente oncológico”, remata a responsável.
A presidente salienta que “a prevenção é um fator preponderante quando falamos em cancro. Os rastreios são bastante importantes para detetar as
doenças nos estágios iniciais”.
A AOA realiza vários rastreios e promove eventos onde pretende alertar a população para vários comportamentos de risco.
“A associação vai promover diversas atividades sobre sinais de alerta para deteção de doenças pulmonares obstrutivas crónicas e despiste de cancro cutâneo, dada a elevada exposição solar a que a população algarvia está sujeita. Para tal, a Unidade Móvel de Saúde vai percorrer várias zonas do Algarve”, afirmou a responsável.
Lurdes Santos Pereira afirma que “é importante não esquecer que o tratamento do cancro envolve a colaboração de especialistas das mais variadas áreas. Felizmente, há estruturas, quer a nível particular, quer do Serviço Nacional de Saúde, que estão vocacionadas para formas de tratamento de pessoas com cancro e da sua doença. Tem de haver sempre uma esperança para o doente oncológico”.
(Stefanie Palma / Henrique Dias Freire)