No mais recente relatório do Infarmed, disse-se que o Algarve era a região com maior incidência do país: 387 casos de Covid-19 por cada 100 mil habitantes, muito à frente da segunda, a zona centro, onde havia 295.
Além disso, no Algarve a faixa etária onde se regista maior número de novos casos é a dos 30 aos 39 anos, seguindo-se a dos 50 aos 69, enquanto no resto de Portugal é entre os mais novos que o número de infeções mais tem subido.
E também para o Infarmed, além dos surtos em escolas e universidades, que são comuns em todo o País, no Algarve tem-se verificado um elevado nível de transmissão em festas e convívios familiares. A isto junta-se a presença da subvariante AY4.2, já em transmissão comunitária na região.
Jorge Botelho ouviu o Infarmed e reconhece os valores da incidência mas… “Não tenho uma explicação”, diz o coordenador do combate à Covid-19 no Algarve, incapaz de apontar uma razão para a região ser a que apresenta maior incidência da doença em Portugal. “É possível que o calor que se fez sentir até muito tarde [início de novembro].”
Mais visitantes pode ter contribuído para a situação atual, mas não há certezas
Em novembro (4 a 7) decorreu o Portugal Golf Masters 2021 e também no mesmo fim de semana disputou-se o Grande Prémio MotoGP, em Portimão. “Houve mais visitantes ao Algarve e pode ter contribuído para a situação atual, mas não tenho estudos que me permitam afirmar isso com certeza”.
Jorge Botelho garante que a presença da nova subvariante “não tem sido uma questão abordada” nas reuniões regulares para análise da situação no Algarve, mas admite “o maior número de ajuntamentos e festas”, em virtude da presença de mais pessoas na região.
No entanto, destaca também que “qualquer visitante que acuse positivo, é contabilizado no Algarve, mesmo que cá não resida”, o que aumenta o número de casos sem aumentar o número de habitantes.
Contactada pelo Expresso, fonte oficial do Comando de Faro da GNR garantiu não ter registo de quaisquer problemas relacionados com festas ou convívios. Até porque, “neste momento, não existem restrições legais a que as pessoas se juntem”.
Monchique, com 703 casos por 100 mil habitantes, e Loulé, com 699, e Portimão, com 662, eram, até ao início desta terça-feira, os municípios algarvios com maior incidência.
Contudo, nesta 5ª vaga da pandemia, os casos “têm-se espalhado quase uniformemente por todo o Algarve, com um natural maior número nos concelhos litorais e centrais”, adianta ainda Jorge Botelho.
Apesar deste aumento de pessoas infetadas, para já, a capacidade de resposta do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) – que administra os hospitais de Faro e Portimão – não está em risco.
Atualmente há 72 pessoas internadas com Covid-19, 11 delas em cuidados intensivos. Um número muito abaixo dos mais de 300 internados que havia no final de janeiro. Mas as unidades começam a sentir alguma pressão.
“Temos de ter consciência que ainda estamos no início do período de outono/inverno”
“Estamos a receber perto de 1000 pessoas por dia nas Urgências, seja por suspeitas de Covid, seja por outras doenças. Destas, cerca de um quarto são crianças”, adianta, ao Expresso, Paulo Neves, da administração do CHUA.
“Na maior parte dos casos, não é necessário internamento, mas esta afluência acaba por saturar os serviços, aumentando os tempos de espera. E temos de ter consciência que ainda estamos no início do período de outono/inverno”, alerta.
Destacando precisamente o relativamente reduzido número de internamentos apesar da elevada incidência de casos de Covid-19 no Algarve, Jorge Botelho defende que “é necessário continuar com o processo de vacinação da 3ª dose” e pede “uma maior sensibilização das pessoas para as regras de segurança, como o uso de máscara, a distância social e o uso de gel para as mãos”. De resto, acredita não ser necessário adotar medidas especiais para a região.
Refira-se que esta terça-feira o Algarve atingiu os 500 mortos por Covid, desde o início da pandemia, num total de 46 910 casos identificados até agora.
– Notícia do Expresso, jornal parceiro do POSTAL